
Unindo arte e ecologia, artista cria obras sobre a área de preservação da Escarpa Devoniana
A artista visual Maria Baptista inaugura neste domingo, 20 de julho, a exposição Cartografia Mítica da Escarpa Devoniana, na sede da Unidade de Conservação da Floresta Nacional de Piraí do Sul, localizada na cidade de Piraí do Sul. A mostra faz parte da sua pesquisa artística que une arte e ecologia, focando na formação geológica da Escarpa Devoniana, nos Campos Gerais do Paraná.
Conhecida por suas áreas de reflorestamento e plantio de pinus e eucaliptos, além de vastas áreas de monoculturas de uso desenfreado do agrotóxico, a região de Piraí do Sul agora também é cenário de obras que refletem sobre sustentabilidade e impacto ambiental.
Chegando à segunda edição, a investigação, que já esteve nas cidades de Balsa Nova, Palmeira, Ponta Grossa e Tibagi, chegou a Piraí do Sul e se funde à história da própria família de Maria Baptista. “Eu comecei a estudar a região dos Campos Gerais em 2014 e agora, venho para a cidade que me reconecta com a ancestralidade, já que meus bisavós viveram e trabalharam por aqui e de alguma maneira, a história se reconta”, afirma a artista.
As obras de Maria Baptista, incluindo fotografias, mapas, instalações e vídeos, representam o diálogo entre os seres humanos e a natureza, tão necessário nos dias atuais. Ainda, contam também com uma novidade tecnológica: a experiência de realidade virtual com o vídeo “Ancoragem”, que permite ao público vivenciar as percepções da artista na paisagem da Escarpa, em 360 graus.
A nova obra, que se inicia com uma performance da artista fazendo um círculo com erva-mate, produto intrínseco à história do Paraná, teve sua captação feita no alto de um cânion e estará disponível para que os visitantes da exposição, através do uso de um óculos de realidade virtual, possam se sentir no centro desta circunferência.

Artista faz círculo com erva mate em ação performática. Foto: Gus Benke
Segundo a curadora da mostra, Milena Costa, a pesquisa artística de Maria Baptista evidencia a importância de ações ações artísticas que se combinam a ecologia. “Na atualidade, as pesquisas que unem arte e sustentabilidade são mais importantes do que nunca. Vivemos tempos em que as mudanças climáticas são uma realidade e refletimos sobre questões como o antropoceno e outros temas urgentes”.
Vale lembrar, que em 2020, a artista também elaborou o trabalho “Como se Faz Uma Floresta?”, onde realiza o plantio de 100 mudas de árvores nativas de Floresta de Araucária, em um terreno particular marcado pela monocultura de soja. A área de plantio localiza-se à poucos metros do Abrigo Arqueológico Geométricas, na fronteira do Parque Nacional dos Campos Gerais, em Ponta Grossa, PR.
Ainda para Milena Costa, a produção de Maria Baptista se separa em dois tempos. “No primeiro momento, a artista produz uma ação externa, com propostas mais diretas, onde ela transforma o espaço, criando um novo desenho plantando uma floresta. Já no segundo, ela cria um círculo e nos convida a ocupar esse novo lugar”, diz. “São dois movimentos que fazem parte de um mesmo fluxo e agora integram esta exposição”, completa.
Sobre Maria Baptista
Maria Baptista é artista visual nascida em Londrina, interior do Paraná, mas atualmente vive e trabalha em Curitiba. Seu principal campo de pesquisa é a arte e a ecologia. Formada em Arquitetura e Urbanismo, sua investigação abrange a linguagem tridimensional com a produção de objetos, instalações e experiências de arte ambiental.
Ainda, investiga a fenomenologia, campo filosófico que descreve e analisa experiências, levando ao público, através de suas obras, sensações visuais, auditivas e táteis.
Participou de diversas exposições coletivas e individuais, tendo como principal objeto de pesquisa a Área de Preservação Ambiental da Escarpa Devoniana, que para além de território, dialoga com memória ancestral, meio ambiente e preservação ambiental.
Serviço:
Exposição: Cartografia Mítica da Escarpa Devoniana – Maria Baptista
Abertura: domingo, 20 de julho
Local: Sede da Unidade de Conservação da Floresta Nacional de Piraí do Sul
Horário: 08h às 17h
Entrada gratuita
Período de Visitação: de 20 de julho a 20 de setembro