O governo do estado prometeu que o Bonde Urbano Digital (BUD) começará a operar em novembro. O chamado bonde sem trilhos é composto por três vagões e veio com as partes separadas.
O veículo levará aproximadamente 30 dias para ser montado – após isso, começará a fase de testes. Ele foi fabricado na China pela empresa CRRC Nanjing Puzhen.
O bonde sem trilhos se destaca por ser uma espécie de ônibus inteligente, que roda na superfície sobre uma rota pré-determinada, como se fossem trilhos virtuais, compostos por marcadores magnéticos e sensores no asfalto.
Sua principal vantagem é que é mais barato de instalar, já que pode circular sobre uma via asfaltada comum.
Onde o bonde sem trilhos vai circular
O modelo irá circular entre os municípios de São José dos Pinhais e Piraquara, ambos na região metropolitana de Curitiba.
A rota percorrida sairá do Terminal de Pinhais, passando pela Avenida Ayrton Senna da Silva e a Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel até chegar ao Terminal São Roque, em Piraquara, de maneira direta, em uma extensão de cerca de 10 quilômetros. O BUD terá capacidade para até 280 passageiros.
Os ônibus tradicionais que percorrem essa linha, hoje responsáveis por transportar mais de 10 mil passageiros, permanecerão em funcionamento normal. Por enquanto, o governo do estado apenas confirma a compra de uma unidade do bonde sem trilhos.
Para a fase de testes, intervenções no pavimento serão realizadas para instalação dos sensores magnéticos de alta precisão que determinam o caminho a ser seguido.
Os terminais de ônibus também serão adaptados com sinalização e, no caso de Piraquara, será construída uma garagem de manutenção anexa ao terminal. O investimento do estado nesta etapa é de cerca de R$ 6 milhões.
Como é o bonde sem trilhos
100% elétrico, o Bonde Urbano Digital tem 30 metros de comprimento, é equipado com ar-condicionado e tem operação bidirecional. A velocidade de deslocamento é maior em relação aos ônibus, chegando a até 70 km/h, contra 60 km/h do sistema BRT.
Outro diferencial é a vida útil do veículo, que pode chegar a 30 anos, três vezes mais que o atual sistema de transporte coletivo.
O veículo também tem rastreamento automático, orientação autônoma e proteção eletrônica ativa. Conta com sensores, radares e vídeo. Itens de segurança uma vez que compartilha a via com outros veículos como carros, caminhões, motos e ônibus.
Embora tenha tecnologia para operar de forma autônoma, o bonde sem trilhos será guiado por motoristas na versão paranaense.
Entre os benefícios do sistema DRT está o menor custo de implantação, que chega a ser três vezes menor do que os sistemas VLT, condução automática em vias segregadas (como as canaletas de Curitiba) e tempo de implementação curto, chegando a um ano para vias de até 15 km com cerca de 15 veículos.
O bonde sem trilhos também tem potencial para aumento de composição com até quatro carros de 10 metros, ampliando a capacidade para 360 passageiros. Segundo o governo do estado, o maior ônibus em circulação no transporte coletivo da região metropolitana de Curitiba tem capacidade para 250 pessoas.
Movido por baterias de íons de lítio de 600 kWh, o BUD pode ser carregado rapidamente nas estações por pantógrafos aéreos (dispositivo instalado no teto de trens e bondes elétricos para coletar energia elétrica da rede aérea).
Bastam 30 segundos para garantir autonomia de três a cinco quilômetros. Com carga completa, que leva 12 minutos, o alcance vai até 40 quilômetros de operação contínua. A tecnologia também está preparada para, futuramente, operar com hidrogênio.
O Paraná tem como referência o projeto realizado em Campeche, no México, primeiro sistema do tipo na América do Norte. Em operação comercial desde junho deste ano, ele consiste em uma linha guiada de 15 quilômetros, sendo cinco deles de condução automática segregada, com 13 estações.
São cinco veículos com três vagões, cada, que contemplam a estação de trem Maya, o aeroporto da cidade, áreas residenciais e históricas e também a praia. O sistema mexicano levou 14 meses para ser implementado.