Um assunto que é sempre comentado nas “rodas de bate-papo” é a supremacia de animais paranaenses quando correm fora do Jockey Club do Paraná.
Na verdade, em reuniões normais do Hipódromo do Tarumã, é raro ver um animal de fora ser inscrito para podermos avaliar se realmente existe uma supremacia perante outras praças. Nas provas clássicas existe realmente, visto que no último Festival do Grande Prêmio Paraná, animais “de fora” venceram três das quatro provas clássicas.
Porém, quando os animais do Tarumã iam a São Paulo, o resultado quase sempre é bom. Existem claro, as exceções, porém quando os cavalos que atuam aqui eram inscritos, iam sempre como barbada. Pelo menos era assim antes do Covid-19.
Hoje não é mais assim. Não só as “barbadas” estão buscando Cidade Jardim, afinal, é o único hipódromo aberto no Brasil. E se olharmos não só as três vitórias paranaenses, somadas as três cariocas (que podem ser contadas como quatro, já que Frisson foi preparado do Rio de Janeiro, contando apenas com a inscrição no nome de Nilson Lima), talvez tenhamos uma visão um pouco mais ampla desta “supremacia”.
Com o Tarumã dando corridas, normalmente só animais “enturmados” aqui, ou que suas provas não formavam, iam a Cidade Jardim para vencer. Alguns que não apresentavam bons resutados na areia viajavam em busca da grama.
Os animais cariocas aportavam apenas em alguns grandes prêmios, já que o prêmio no Hipódromo da Gávea é muito maior que em São Paulo e lá o conjunto semanal contava com quatro reuniões.
Agora o panorama é outro. Na última reunião tivemos nada menos que 16 animais paranaenses inscritos. Só no primeiro páreo, foram quatro potros, com um deles fazendo forfait. Não admira o fato que os mesmos fizeram ponta e dupla, além da quarta colocação na carreira. O que também ocorreu na penúltima prova da programação (Magnum do Iguassu e Novello).
Contando com a vitória de Kindness no último páreo, esta vencedora do Grande Prêmio Paraná de Cancha Reta, foram três vitórias. Mas e os outros dez que perderam (eximindo os dois segundos lugares, conforme citado acima), são tão superiores aos animais alojados no Jockey Club de São Paulo?
O mesmo podemos dizer dos animais cariocas, que realmente têm a “fama” de serem superiores aos animais de outras praças do país. No último sábado foram 17 animais inscritos, com duas vitórias e um placê a meia cabeça (Ortega).
Vários animais se apresentaram bem, principalmente o American Tiz e o Kris Five, cavalos que, de esfera clássica, foram para correr provas um pouco mais “comuns”. American Tiz venceu uma Prova Especial, já Kris Five, bicampeão da milha internacional, deslocou apenas 53 quilos (contando com a decarga do aprendiz) contra um Enchispado com 64 quilos. Ele venceu, mas o cavalo do Stud Nova República chegou a apenas 1 1/4 corpo dele com 11 quilos a mais.
Esse é o ponto: existe mesmo esta superioridade toda? Don Arlindo, por exemplo, um recordista em Cidade Jardim e vencedor clássico no Tarumã, chegou lá atrás. O mesmo aconteceu com American Bull, corredor clássico na Gávea.
Coloque nesta lista dos “descolocados” Ismar (RJ), Lucky do Iguassu (RJ), Velho Tininho (RJ), Maclaren (PR), Standship (PR), Magic Survivor (PR), Brazilian Glory (PR), Master Chef (PR), Belo do Rock (RJ), Chateau Langlet (PR), Tiberius (PR), Haleakalã (RJ) e Apakanim (RJ), todos que ficaram fora da “pedra”.
Teremos dez páreos no sábado e mais oito no domingo, com certeza com diversos animais do Paraná e do Rio de Janeiro. Como o apostador deve avaliar os “forasteiros”. Barbadas enviadas apenas para tirarem fotos, como era antigamente? Ou apenas animais comuns que estão isncritos por falta de corridas em seus hipódromos.
Nunca a revista com os retrospectos foi de tanta importância. Vale também a pesquisa no site do studbook. Os tempos estão mudando o jeito de apostar. E o jeito de avaliar “supremacias” deve ser revisto. Pois os resultados do último sábado não mostram toda esta vantagem exaltada por muitos.