Quem chega ao Jockey Club do Paraná em uma quinta-feira de corridas não acredita que há três anos o clube estava "abandonado", sem corridas e com cerca de 250 animais alojados. Mas é verdade. Depois de fazer história no turfe brasileiro o Hipódromo do Tarumã ficou 17 meses sem receber corridas.
Época triste para os turfistas, para os profissionais e para os amantes dos cavalos em geral. Um prado que recebeu Clackson, Kigrandi, Grão de Bico, Rhiadis, Big Lark, Airtrophe, Gorylla, Thignon Boy e foi berço de tantos outros craques que saíram daqui para o mundo estava acabando. Sem falar dos profissionais que aqui surgiram.
João Moreira foi cavalariço no Tarumã, Altair Domingos foi aprendiz, mas se formos mais a fundo tivemos o mago Luiz Rigoni, as famílias Nickel, Piovezan, Gusso, Menegolo, Borges, Loezer, Garcia, Oliveira e tantas outras. Além dos maiores jóqueis da história do turfe nacional montando aqui.
Pierre Vaz disputava retas com Albenzio Barroso e Antônio Ricardo. Juvenal Machado da Silva veio ao Tarumã para vencer por duas vezes o GP Paraná, Luiz Duarte, Ivan Quintana, Nelito Cunha, Carlos Lavor, Antônio Bolino, Jorge Garcia e seu freio maravilhoso, Gabriel Menezes, Antônio Queiroz, José Aparecido e o recordista mundial de vitórias Jorge Ricardo. Todos passaram por aqui.
Mas o Jockey ia acabar. Estava muito próximo do fim, muito mesmo. Havia virado um salão de apostas de outros hipódromos e centro de treinamento para animais que iriam correr em São Paulo. Quem quisesse ter um cavalo treinava aqui e corria fora ou tinha que alojar seu animal a centenas de quilômetros de casa.
Isso custou muito ao Jockey Club do Paraná, desde credibilidade dos proprietários, profissionais, turfistas e de um público que era acostumado a acompanhar as corridas e que encontrou em outros lugares um substituto para seu lazer. Custou até a graduação máxima que o GP Paraná mantinha por décadas e foi perdida.
Mas tudo mudou!
Graças a uma intervenção da justiça, quem realmente se importava com o clube pode em eleições justas assumir a direção do turfe paranaense e colocar de volta o Jockey Club do Paraná no caminho do crescimento. No dia 17 de janeiro de 2016 o Hipódromo do Tarumã voltou a promover corridas. E a introdução acima serve para demostrar que “após a tempestade vem a bonança”, e, graças a um trabalho espetacular ela está chegando ao Tarumã.
O Jockey Club do Paraná vem tendo um aumento significativo de animais em seus alojamentos, com cocheiras cheias e animais de muita qualidade. A dotação vem em uma crescente sensacional. De 2016 para cá ela aumentou em 100% nas provas destinadas a animais de três anos e também teve aumento significativo nas provas de produtos de mais idade.
Profissionais de alto gabarito e que brilhavam em outros hipódromos voltaram "para casa", assim como grandes Haras e Coudelarias voltaram a investir no turfe paranaense, tendo diversos animais alojados no Tarumã.
A credibilidade dos prêmios pagos em dia desde que voltaram as corridas – há dois anos e oito meses – faz com que proprietários se animem em adquirir animais para defenderem sua farda. Profissionais de várias áreas desde o tratador até o ferreiro voltaram a ter mais oportunidades. Enfim, o Jockey voltou a funcionar.
Mas o que mais anima os turfistas paranaenses é a volta de nomes consagrados no turfe nacional ao Tarumã. Na próxima reunião, que acontece na quinta-feira, Curitiba receberá os melhores jóqueis de São Paulo, incluindo o lideres da estatística paulista, além dos consagrados Carlos Lavor e Antônio Queiroz, que vem do Rio de Janeiro para prestigiar o Tarumã.
A retomada do crescimento do Jockey se deve a responsabilidade administrativa que a atual diretoria teve desde que assumiu no fim de 2015. Na volta das reuniões os prêmios eram pagos 1 hora após a vitória, já que o grande desastre do turfe paranaense começou quando gestões antigas pararam de pagar prêmios.
A carta patente, que havia sido perdida, como aconteceu em diversos hipódromos nacionais, foi recuperada. Primeiro em caráter temporário, depois promulgada até ser conseguida em caráter definitivo.
A iluminação da pista foi revitalizada, assim como todas as dependências do Clube. As obras do Shopping Jockey Plaza voltaram a pleno vapor e até o fim do ano devem ser concluídas, proporcionando uma visão espetacular do Jockey a quem frequentar o Shopping. Um novo público está prestes a conhecer o mundo dos cavalos de corrida.
A vontade do Jockey em promover mais reuniões que as atuais duas por mês existe, mas a responsabilidade em manter os gastos sob controle e os proprietários e profissionais pagos em dia ainda permanece. Uma nova escola de aprendizes de jóquei está próxima da entrega, para revelar novos pilotos.
Enfim, em dois anos e oito meses o Jockey Club do Paraná está recuperando sua estrutura e o próximo triênio desta gestão promete ainda mais. A expectativa é alta para nós turfistas, principalmente quando vemos esta fase boa justamente quando faltam 34 dias para o GP Paraná Jockey Plaza 2018.
Se em 2016 e 2017 foi a consolidação do trabalho, com arquibancadas lotadas e um evento que não ficou devendo nada para as outras praças do Brasil, agora, em 2018 o esperado é um público recorde, profissionais e cavalos de todo o Brasil e uma festa que será lembrada por muito tempo.
É possível fazer turfe no Brasil, só precisa que as pessoas certas estejam nos lugares certos. Parabéns a diretoria do Jockey Club do Paraná por devolver a nós turfista o orgulho de ter o Hipódromo do Tarumã.
*Fotos por Luiz Melão, arquivo JCPR e site Turfe Brasil.