O impacto das mudanças climáticas na regularização de imóveis no Brasil

Aleksander Szpunar

No Brasil, os efeitos do aquecimento global estão cada vez mais evidentes, com eventos climáticos extremos se tornando mais frequentes e intensos. Essa nova realidade traz implicações significativas para a regularização de imóveis, um processo que já enfrenta desafios complexos em nosso País. As mudanças climáticas podem afetar diretamente a regularização de imóveis de várias maneiras:

•      Inundações e deslizamentos de terra: áreas sujeitas a inundações e deslizamentos se tornam de alto risco, o que pode complicar a obtenção de licenças e a regularização fundiária. Em regiões vulneráveis, os processos de usucapião e registro de imóveis enfrentam obstáculos adicionais devido à necessidade de análises ambientais mais rigorosas;

•      Erosão costeira: cidades litorâneas estão cada vez mais suscetíveis a esse tipo de problema, impactando terrenos e propriedades próximas ao mar. Isso pode alterar limites territoriais e exigir novas medições e avaliações para a regularização de imóveis;

•      Mudanças na Legislação Ambiental: com o aumento da preocupação ambiental, a legislação tende a se tornar mais restritiva e novas normas de construção sustentável e exigências ambientais podem ser incorporadas, tornando o processo de regularização mais complexo e oneroso.

Dentro desse contexto, quais são os aspectos jurídicos e soluções para a regularização de imóveis?

Para mitigar os impactos das mudanças climáticas na regularização de imóveis é essencial considerar diversos aspectos jurídicos e adotar soluções inovadoras, tais como:

•      Planejamento urbano e ambiental: fundamental que o planejamento leve em conta as previsões climáticas e os riscos associados, além de políticas públicas que incentivem a ocupação de áreas seguras e a adoção de práticas sustentáveis, que são essenciais para a proteção dos imóveis e a garantia de sua regularização;

•      Assessoria jurídica especializada: proprietários e investidores devem buscar assessoria especializada em Direito Imobiliário e Ambiental. Um advogado experiente, por exemplo, pode orientar sobre a melhor forma de cumprir as exigências legais e ambientais, facilitando a regularização dos imóveis;

•      Contratação de seguros e garantias específicos para riscos climáticos: pode oferecer uma camada extra de proteção para os proprietários. Além disso, a implementação de garantias financeiras e fundos de emergência podem auxiliar na recuperação e reconstrução de áreas afetadas por desastres naturais;

•      Uso de tecnologia, como Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e drones: melhoram a precisão das avaliações de risco e facilitam a regularização de imóveis. Ferramentas digitais também podem acelerar processos burocráticos e aumentar a transparência.

Os profissionais do Direitoespecializados em regularização de imóveis devem desempenhar um papel crucial na adaptação às novas realidades climáticas. Eles estão atualizados sobre as mudanças na Legislação Ambiental e Urbana, além de compreenderem os riscos associados às mudanças climáticas.

A dica também é investir em uma atuação preventiva, por meio de consultorias e análises de viabilidade, que são fundamentais para evitar problemas futuros e garantir a segurança jurídica dos imóveis.

As mudanças climáticas representam um desafio atual para o mundo, com implicações diretas na regularização de imóveis no Brasil. No entanto, seguindo o passo a passo indicado, é possível mitigar os riscos e assegurar a conformidade legal e ambiental dos imóveis.

A colaboração entre setor público, privado e sociedade civil é essencial para enfrentarmos, juntos, esses desafios, promovendo desenvolvimento urbano sustentável e resiliente.

Aleksander Szpunar é advogado e atua na área de Regularização de Imóveis e Ações de Usucapião; preside a Comissão de Direito Imobiliário da OAB Águas de Lindóia/SP; e é membro do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM).