Nessas últimas semanas, após a melhora do panorama econômico do país, com redução da inflação e queda do desemprego, Lula se dedicou a fazer aquilo que sabe de melhor: articulação política. Não que as viagens internacionais não tenham sido importantes. Foram fundamentais para recolocar o país no centro de algumas discussões estratégicas, tais como “clima” e ‘guerra da Ucrânia”. É bem verdade que sobre esse último assunto Lula acabou assumindo posições polêmicas, mas isso também não é ruim, pois deixou claro aquilo que todos sabem mas ninguém tem coragem de falar abertamente: o interesse dos países produtores de armas na manutenção do conflito.
Mas voltando ao assunto da pauta, na semana próxima o Presidente deverá bater o martelo sobre a participação dos Progressistas e Republicanos no governo federal, e por conseguinte o aumento da base governamental no Congresso Nacional, que por ora não tem apresentado musculatura suficiente para sustentar o programa do governo de forma orgânica, dependendo se investidas pontuais do Poder Executivo na liberação de emendas.
Mas como trazer o PP e o PR para a base? Não são partidos bolsonaristas? Na verdade, são partidos do “Centrão”, ou seja, do bloco do “é dando que se recebe”, expressão assacada pelo Deputado do MDB-SP Roberto Cardoso Alves, já falecido, para explicar a adesão ao então Presidente Sarney.
E isso talvez baste para explicar essa aproximação, valendo lembrar que Valdemar da Costa Neto, hoje presidente do PL, partido de Bolsonaro, e Ciro Nogueira, do PP, já formaram ao lado das hostes petistas, tanto no governo Lula quanto na Dilma. Ou seja, tudo é possível e viável sob essa perspectiva.
Além disso, se o “Centrão” é o bloco do “é dando que se recebe”, Lula é o “Sapo Barbudo” que aprendeu em sua longa e acidentada trajetória que no “presidencialismo de coalisão” não há tempo para alimentar para mágoas e ressentimentos, pois quatro anos voam.
Carlos Augusto Vieira da Costa é Procurador do Município de Curitiba