A história dos bruxos

Os julgamentos realizados em Toulouse, França, em junho de 1335, levaram  várias pessoas à fogueira. Entre elas estavam Anne Marie de Georgel e Catherine Delort, ambas mulheres de meia idade, que foram torturadas antes de serem queimadas. Elas confessaram ter servido a Satã por vinte anos, tendo-se vendido para ele nesta e na próxima vida.

O julgamento de Carcassone, pouco mais tarde, envolveu 63 pessoas, sendo considerado importante para os historiadores porque foi uma das primeiras vezes que se usou a tortura para forçar as confissões dos acusados. Alguns anos mais tarde, a Inquisição condenou sete pessoas por levar um bode a um sabá e outras oito à prisão por terem vendido a alma ao diabo e praticar magia, mandou mais oito para a estaca por usar encantamentos ou matar crianças.

No ano seguinte, o julgamento de 68 pessoas acusadas de magia e heresia originou a primeira referência à dança do ritual no sabá, pois alguns dos membros do culto foram acusados de dançar em um círculo mágico e de satirizar cerimônias cristãs.

Historicamente, bruxo é aquele que controla as forças sobrenaturais. Em um sentido estrito, a bruxaria é universal e sem tempo, ainda que modernamente esteja limitada a um período que vai do século XIV ao século XVIII, na Europa. Em 1591, Johann Godelman publicou um tratado oculto intitulado De Magis.

Nele definia os magos como aqueles que usavam encantamentos do mal, ligando-se aos espíritos caídos através de poções preparadas pelo diabo ou artes ilícitas, que ferem ou destroem a saúde e a vida dos homens ou animais. A bruxaria está relacionada com o mundo sobrenatural, possuindo métodos e práticas através dos quais os homens tentam controlar ou conseguir a ajuda de forças sobrenaturais.

Forças Sobrenaturais

Na magia, quando o mago deseja uma fusão momentânea da consciência individual com a suprema consciência, deve suplicar, pedir a ajuda das forças sobrenaturais e, antes de tudo, uma cerimônia, em um ritual mágico, não deve ser apenas um movimento mecânico e habitual dos lábios, mas sim um ato que envolva a vontade e a mente.

Antes de fazer seus pedidos, o mago precisa ter guardado jejum por pelo menos três horas. Deve meditar por cinco minutos, depois de respirar profunda e calmamente. É necessário então que se curve em direção aos quatro pontos cardeais, começando pelo leste, invocando cada um dos espíritos desses pontos. Após completar o ciclo, deve meditar por mais três minutos, voltar-se para o leste e orar, com os braços estendidos, as palmas para cima.

O mago que se dedica seriamente a magia, precisa primeiro fortalecer a sua mente contra o perigo da alucinação e do horror. Precisa antes de tudo se purificar durante quarenta dias. Esse número é sagrado e figura em vários tratados. Nos algarismos arábicos, consiste no círculo, que é o símbolo do infinito e do número quatro que sintetiza o arranjo individual dos elementos.

A purificação do mago consiste na renuncia aos prazeres do corpo, uma dieta vegetariana, na abstinência à bebida alcoólica e em horas de sono bastante regradas. Todo tipo de roupa e objetos usados deve ser cuidadosamente limpo, toda sujeira é evidência de negligencia que é mortal na magia. A atmosfera precisa ser purificada com perfumes que devem ser espargidos sucessivamente nos quatro pontos cardeais, enquanto se pronunciam as palavras sagradas.

O mago deve se isolar no início da operação, de maneira a se concentrar melhor, selecionar seus pontos de contato. Tanto quanto possível, convém ficar longe de objetos feios e pessoas más. Acredita-se que nove milhões de pessoas foram mortas durante os séculos em que durou o período de perseguição contra os bruxos, que foi, de 1300 a 1600 de acordo com Justine Glass em um livro publicado em 1965.