“Estou esgotado mentalmente, eu não soube a hora certa de dosar, de diminuir o ritmo, é como se eu não conseguisse dizer não.” Essa foi a resposta do cantor Wesley Safadão quando foi questionado sobre a pausa que precisou dar na sua carreira para cuidar da sua saúde mental. Ele relatou também que estava percebendo alguns sintomas físicos como falta de ar, taquicardia e dificuldade para dormir, que oscilavam durante os últimos anos.
Essas dificuldades estão muito mais presentes na realidade e na rotina diária de muitas pessoas do que se imagina. Os desafios e a correria do dia a dia muitas vezes acabam nos atropelando. Assumimos muitos papéis ao longo da nossa vida adulta e, muitas vezes, somos bastante cobrados externa e internamente para desempenharmos bem todos esses papéis de forma equilibrada e constante, o que pode trazer bastante angústia, pressão e muito desgaste.
Além disso, entender e conseguir respeitar os limites emocionais pode ser muito mais difícil do que com os limites físicos. Em primeiro lugar porque eles não são tão nítidos e palpáveis. E também pelo fato da sociedade ainda estigmatizar muito os transtornos mentais, confundindo com preguiça ou frescura.
Por todos esses fatores que se faz necessário prestar bastante atenção nos pequenos sinais que nosso corpo vai nos mostrando e nas mudanças dos nossos padrões diários, como ritmo de sono, de alimentação e/ou dores localizadas recorrentes. De alguma forma, o corpo vai sinalizando o esgotamento.
Em muitos casos, diferentemente da situação do Safadão, é inviável parar de trabalhar, mudar o ritmo de vida ou mudar o ambiente desgastante, mas podemos (e devemos) pensar em ações intencionais com foco em reestruturar a forma de olhar para a rotina, os compromissos e implementar pequenas mudanças nos nossos comportamentos.
Separei aqui três estratégias que podem te ajudar nesse processo:
- identificar, entender e escrever como é a sua rotina, só quando você olha com clareza como está a sua situação é que consegue pensar e planejar algumas mudanças;
- organizar-se para fazer uma atividade por vez e estar totalmente atento nela. Quando fazemos muitas tarefas em paralelo podemos nos desgastar mais;
- cuidar com os pensamentos radicais, de “ou faço tudo do jeito ‘ideal’ ou não faço nada”. Ao se incorporar pequenas mudanças pode-se conseguir grandes resultados, acredite no poder do pouco! Introduzir 15 minutos de exercícios físicos três vezes na semana a uma rotina sedentária é bem mais efetivo do que tentar, com grande chance de fracasso e frustração, começar a correr duas horas por dia todos os dias, por exemplo.
É importante reforçar que essas pequenas orientações podem te ajudar a amenizar o sofrimento em algumas situações, mas é essencial buscar ajuda profissional se esse quadro de sofrimento está muito intenso e frequente na sua vida, interferindo nas suas relações pessoais e profissionais.