A Bela, a Fera e as polêmicas da Disney

Redação Bem Paraná

A Bela e a Fera, live-action que estreia nesta quinta-feira (16) em Curitiba, traz consigo muito mais polêmica que costuma ser inerente a um filme da Disney. Tudo porque grupos religiosos pregam boicote ao filme. Motivo? Há um personagem gay na trama. Só isso? Sim. Mas tem mesmo um personagem gay? Tem, o LeFou (o ator Josh Gad), assecla de Gaston (Luke Evans). Ponto. Não é algo de que a Disney deva se envergonhar.

Na ânsia de se querer polemizar em cima de homossexualismo, os grupos religiosos esquecem que a história flerta com assuntos que poderiam gerar bem mais polêmica.

Um deles, a Síndrome de Estocolmo. É o termo que designa o surgimento de uma paixão entre sequestrado e sequestrador. Na trama, a jovem Bela (Emma Watson) se torna uma refém voluntária da Fera (Dan Stevens) para livrar o pai, Maurice (Kevin Kline), capturado porque invadiu o castelo da Fera. Como se sabe, a Bela e a Fera acabam se apaixonando (esse spoiler prescreveu).

Há quem veja, também, uma zoofilia disfarçada. A Fera é retratada como uma mistura de animais. Chifres de carneiro, juba de leão, dentes de javali, braços de gorila, garras e corpo de urso, pernas e cauda de lobo. Pode uma moça se apaixonar por alguém assim? Polemistas poderiam espernear em cima disso. A verdade é que a trama, desde sua criação na literatura do século 18, tem como mensagens subliminares a aceitação de diferenças e, principalmente, o amor independente da aparência das pessoas.

Essas polêmicas tiram o brilho do filme? Não. Mesmo porque trata-se de uma refilmagem de um desenho animado de 1991, que entrou para a história por ser a primeira animação a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme. Tinha lá o mesmo LeFou, mas na época ninguém se preocupou em polemizar. Tinha também as mesmas amostras de Síndrome de Estocolmo e de zoofilia. Não deu barulho. Num mundo em que redes sociais primam por criar e dar ressonância a polêmicas desnecessárias, é bom poder fazer de A Bela e a Fera apenas o que realmente é: uma diversão escapista bem reconstruída e com um elenco competente. Além dos já citados, há Ian McKellen (o relógio Cogsworth), Emma Thompson (a bule-de-chá Mrs. Potts) e Ewan McGregor (o candelabro Lumière).