Homem é genial no que faz, mas arrogante. Sofre um acidente. O acidente transforma sua vida. Ele consegue se recuperar graças a uma pessoa da Ásia, na qual poucos acreditam. Melhor que a recuperação, os dias na Ásia dão ao protagonista uma nova perspectiva, a ponto de torná-lo um herói. Que filme é esse? Homem de Ferro. Mas também é Doutor Estranho, que estreou nesta quarta-feira (2/11).

Os dois filmes são, em essência, estranhamente parecidos. Como se não bastasse, são da Marvel, com um protagonista de cavanhaque, interpretado por um ator carismático (que tem, em seu currículo, Sherlock Holmes). Robert Downey Jr, o Homem de Ferro, fez dois filmes como o detetive. E Benedict Cumberbatch foi projetado para  cinemão norte-americano após protagonizar o seriado Sherlock, da BBC.

Então basta ver Homem de Ferro para ver Doutor Estranho? Não, nem de longe. O novo filme da Marvel vale a vista. Enquanto Tony Stark e todos os outros heróis dos Vingadores lidam com o mundo físico, o filme com o doutor Stephen Strange lida com o lado místico da editora. Strange, um soberbo (nos dois sentidos) cirurgião, sofre um acidente de carro e perde a condição de fazer aquilo que sabe melhor: operar. Desenganado no mundo físico, ele tenta uma cura espiritual para voltar a ser um cirurgião. E parte para o Nepal.

No Nepal, ele descobre, através da Anciã, que há mais entre o céu e a Terra do que sonha o mundo físico da Marvel. Alguns guardiões da magia são responsáveis por manter o equilíbrio no mundo do ocultismo. Mas está difícil, já que há uma ameaça iminente. E Strange cai de para-quedas (ou melhor, sem eles) nessa situação. Nesse contexto, ele descobre que magia não é muito diferente de medicina. Para dominá-la, é preciso tempo e prática. Mas haverá tempo?

A conexão do Doutor Estranho com o Universo Marvel é feita em cenas aqui e acolá. Na maioria delas, apenas entendedores entenderão. Mas a principal conexão está no Olho de Agamoto: trata-se de uma das seis joias do infinito, a joia do tempo, de cor verde. Já foram apresentados o Tesseract (joia do espaço, azul, em Os Vingadores), o Orbe (joia do poder, roxa, em Guardiões da Galáxia), o Éter (joia da realidade, vermelha, em Thor: O Mundo Sombrio) e a Joia (joia da mente, amarela, em Vingadores: Era de Ultron). Falta a da Alma, laranja. Talvez em Guardiões da Galáxia 2.

Doutor Estranho guarda outra semelhança com o Homem de Ferro: ele quebra a cara de vez em quando. Afinal, o protagonista nunca pensou em ser um herói. E isso dá graça ao filme, com diálogos surpreendentes e divertidos. Algo que nos filmes da Marvel é tão obrigatório quanto as aparições de Stan Lee e as cenas pós-créditos.