A atriz francesa Eva Green voltou a se reunir com o diretor visionário Tim Burton para O Lar das Crianças Peculiares. Eva Green, que também estrelou em Sombras da Noite, de Burton, interpreta a Srta. Peregrine, que defende fervorosamente um grupo de crianças com habilidades únicas, conhecidas como “peculiares”, dos perigos do mundo exterior. O filme é uma adaptação do livro O Lar das Crianças Peculiares, de Ransom Riggs.
No filme, a Srta Peregrine e as crianças peculiares vivem numa mansão remota numa ilha ao largo da costa de Gales, onde ela tem o poder de manipular o tempo, criando uma “fenda” na qual pode restabelecer as 24 horas anteriores, de modo que as crianças nunca envelheçam e fiquem escondidas do mundo exterior e de seus inimigos, os Acólitos.
“A Srta. Peregrine comanda a casa para as crianças peculiares e as protege do mundo exterior, daqueles monstros que comem crianças, chamados de Acólitos no filme, e fará tudo para protegê-las”, ela explica. “Ela arriscará sua vida e matará. Sendo também uma peculiar, pode se transformar em um pássaro. É bastante complicado! Tem, também, essa peculiaridade, manipular o tempo, de modo que as últimas 24 horas possam ser vividas novamente. Assim, todas as noites, ela tem o ritual de reiniciar o tempo”.
Eva Green nasceu em Paris e seu primeiro papel cinematográfico foi em Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci. Seus outros filmes incluem Cruzada, 007 – Cassino Royale, A Bússola de Ouro, 300: A Ascensão do Império, Sin City: A Dama Fatal e A Salvação.
Quanto do filme você já assistiu e o que pensa?
Eva Green — Só vi quando meu personagem se transforma em um pássaro. É bastante impressionante. Não sou muito boa em me assistir, mas parece absolutamente mágico e muito Tim Burton realmente, simplesmente belo.
Quando Tim Burton mencionou o projeto para você?
Eva Green — Dois anos atrás. Ele apenas disse: “Leia este livro e conte-me o que acha. E se gostar, talvez possa estar nele”. Eu poderia representar qualquer coisa para Tim, poderia ser uma árvore, uma vassoura, qualquer coisa (risos). É um pássaro neste filme. Era uma história tão deslumbrante e uma personagem muito descolada e excêntrica.
Quanto o filme acabou por ficar próximo do livro?
Eva Green — O filme foi inspirado no livro, mas é um tanto diferente. As fotografias antigas no livro são absolutamente maravilhosas, fantasmagóricas e enfeitiçantes. “Quando se vê as fotografias que Ransom tem no livro, a pessoa sente como, “meus sais, certamente Tim vai dirigi-lo”. Apenas Tim poderia dirigi-lo, realmente. O que Tim faz é que ele sempre traz emoção e poesia e é sempre muito delicado. É único. Ele tem essa visão ótima”.
Conte-nos sobre Srta. Peregrine. Quem é ela?
Eva Green — A Srta. Peregrine comanda a casa para as crianças peculiares e as protege do mundo exterior, daqueles monstros que comem crianças, chamados de Acólitos no filme, e fará tudo para protegê-las. Ela arriscará sua vida e matará. Sendo também uma peculiar, pode se transformar em um pássaro. É bastante complicado! Tem, também, essa peculiaridade, manipular o tempo, de modo que as últimas 24 horas possam ser vividas novamente. Assim, todas as noites, ela tem o ritual de reiniciar o tempo.
Quer dizer, para salvá-los da primeira onda de bombardeiros alemães?
Eva Green — Ela para o tempo quando a bomba está para atingir a casa. É por isso que ela parece um pouco dura algumas vezes com as crianças, porque se uma das crianças se atrasar, toda a fenda pode sair errada e as consequências serão dramáticas. Tim a descreve com “uma Mary Poppins estranha”. Ela é excêntrica e destemida e, de certo modo, única, uma personagem bizarra e maravilhosa para interpretar.
Pode-se, com justiça, dizer que ela é como uma mãe substituta para essas crianças?
Eva Green — Certamente. As crianças são sua vida. Ela é uma mãe, uma mãe exigente. Algumas vezes ela pode parecer um pouco como um general comandante, diferente de uma governanta carinhosa, mas no fundo ela se sacrificaria por elas.
Tim Burton tem reputação de sets calmos e descontraídos. Como foi desta vez?
Eva Green — Com certeza. As pessoas não se sentem intimidadas e não há pressão. É como uma vibração feliz. Dá-se muita risada, não existe errado ou certo e não há julgamento. É descontraído. Tenho que dizer que é muito raro. Pode soar exagerado e insincero, mas é como uma família, pois ele trabalha muito com as mesmas pessoas e é apenas divertimento. É permitido ser criança novamente! Tim érealmente, tão normal, simples e aberto. Ele realmente ouve todas as ideias e quer que todos se sintam à vontade.
Como descreve a experiência de fazer esse filme?
Eva Green — É como estar num conto de fadas, estar nessa casa, rodeada por essas crianças. É como entrar num sonho, ou algo assim.
Você trabalhou com muitas crianças. Como foi a experiência? Houve um vínculo?
Eva Green — Sim, houve muito. Foi muito intimidador no início, pois não sabia se eles iriam me respeitar ou como eu deveria me comportar e, na realidade, eles foram muito gentis e profissionais. Mesmo os pequeninos eram muito sérios. Adoro observar as crianças no set, pois há algo muito natural nelas, calmo e relaxado e elas vivem o momento, e isso é bastante inspirador. Gostaria de voltar a ser assim novamente, “não pensar, apenas ser”.
Este não é um filme comum de super-herói, não é? Muitas dessas peculiaridades podem ser vistas mais como um obstáculo do que um poder.
Eva Green — Sim, penso que no mundo exterior, essas capacidades que as crianças têm seriam vistas como desvantagens e essas crianças seriam perseguidas devido a elas. Mas na ilha, elas são até certo ponto elogiadas por serem tão únicas e a mensagem no filme, tanto para crianças como para adultos, é apenas “seja você mesmo, não importa quanto estranho você seja”. É o que Tim faz melhor. Sinto como se ele compreendesse os corações dos exilados sociais e os celebrasse. É lindo.
Você viu a cena de sua transformação. Como foi a experiência de traduzi-la em ação?
Eva Green — Eu estava presa em fios enquanto fazia isso e tenho bastante medo de altura, sou um pássaro com medo de altura, e de certo modo como, “OK”. Mas é ótimo. É como uma coreografia. Lógico que não me transformo num pássaro, embora teria sido maravilhoso ter essa capacidade (risos).
Você e Judi Dench estrelaram 007 – Cassino Royale, mas as duas não tiveram realmente cenas juntas.
Eva Green — Infelizmente, não. Ela é uma mulher adorável, realista, mas também uma atriz icônica. Ela interpreta também uma Ymbryne no filme, o que significa que pode se transformar em uma ave. Ela interpreta uma ave limícola (avocet). Não sei se já viu uma avocet, mas é um pássaro pequeno com um longo bico, bastante nervoso e frágil. E meu personagem, o peregrino, é uma ave de rapina e muito mais aguerrida. Era interessante. Ela tinha também alguns movimentos súbitos com os cabelos. Eu também. Tivemos uma grande cena juntas, uma cena um tanto dramática e Tim sugeriu: “OK, vocês têm que mover as cabeças na mesma direção, mas tem que ser movimentos simétricos e bastante vigorosos”. Tínhamos que ser meio-pássaro-meio-mulher. Foi divertido.
Quanto da aparência de Samuel L. Jackson foi imagem gerada por computador? A aparência dele é incrível.
Eva Green — Vi isso esta manhã e nada foi acrescentado. Ele colocou aquelas lentes de contato brancas espessas, essa imensa faca de braço afiada e parecia bastante impressionante e muito assustador realmente. Mas essa é a maravilha de estar num filme do Tim, você se sente como uma criança, põe um figurino e fica tão distante do seu eu e é muito libertador.
Teve que fazer muito trabalho com arames?
Eva Green — Um pouquinho. Não sou a melhor nisso. Há uma cena em que estou bem no alto, e é engraçado, eu podia dar um salto mortal no solo e, em seguida, eles me colocavam ali e eu simplesmente não conseguia fazer o salto. Eles só diziam: “Pode ficar tranquila, você está segura”. É tudo coisa da cabeça, mas eles tinham que ter o andaime na minha frente, só para o meu cérebro. É estranho como funciona.
Você gosta de cenas de ação em geral? Você as enfrenta quando há um desafio físico que fazem parte do trabalho?
Eva Green — Sim, quando se trata de trabalho físico e há um pouco de treinamento antes. Tenho a tendência de ser um demasiado cerebral, assim se há uma oportunidade de mexer mais com o corpo, envolver o físico, então de certo modo quero fazer isso, sim.
Qual o primeiro filme de Tim Burton que lembra de ter visto?
Eva Green — Talvez Os Fantasmas se Divertem, vi muitas vezes quando criança. E Edward Mãos de Tesoura é tão poético e comovente, simplesmente parte meu coração.
Você acha que este vai lembrar as pessoas de Edward Mãos de Tesoura?
Eva Green — Espero que sim! Isso seria ótimo. Quer dizer, esperemos que a sorte nos acompanhe.
O set de Tim Burton é tão único quanto seus filmes?
Eva Green — Sim, porque ele é, realmente, tão normal, simples e aberto. Ele realmente ouve todas as ideias e quer que todos se sintam à vontade.