La La Land – Cantando Estações é um musical. O nome seria suficiente para deixar isso claro. Se não, qualquer um dos trailers. Em última instância, a primeira sequência do filme, ambientado em Los Angeles – o “la” do filme pode ser a sexta nota musical e também as iniciais de Los Angeles. Em meio a um engarrafamento em uma das highways da cidade, motoristas param tudo que estão fazendo para sair cantando e dançando por aí. A música gruda. Mais musical que isso é impossível.

La La Land – Cantando Estações também é um romance. Tem tudo lá: o encontro dela com ele, o desencontro, o reencontro, a paixão, a ruptura, a reviravolta e o desfecho. Um enredo típico de romance.

La La Land gira em torno do casal Mia Dolan (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling). Ela sonha em ser uma atriz, mas trabalha como barista numa cafeteria dos estúdios da Warner. Ele sonha em ter um clube de jazz, mas trabalha fazendo bicos como pianista aqui e ali – e reclama que o jazz puro está morrendo. Com Mia e Sebastian acontece o que acontece com os casais em musicais-romances: eles se encontram, eles se desencontram, eles se reencontram, eles se apaixonam, etc, etc…

La La Land sendo um musical, e um romance, qual seria seu diferencial? A maneira com que é contado. Damien Chazelle, que assina o roteiro e também dirige o filme, faz da história uma ode de louvor aos musicais de Hollywood dos anos 50 e 60 e também uma ode de amor ao jazz. A condução de Chazelle transformou o musical-romance num papador de prêmios. Foram sete vitórias no Globo de Ouro na última segunda-feira, um recorde. Mais 11 indicações ao Bafta, o “Oscar” inglês. E possivelmente muitas indicações ao Oscar.

La La Land mostra que, em meio aos sonhos de cada um, Mia e Sebastian são como uma dança. Um passa a depender do outro, ao mesmo tempo que um dá suporte ao outro. Ela o apóia a ter o clube de jazz, mesmo que ela não goste de jazz. Ele a apóia para seguir com as audições em busca de um papel como atriz, mesmo que não consiga acompanhá-la. Ou isso ou a dança não funciona.

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La La Land tem como outro mérito a direção de Chazelle em relação ao que fazer com Ryan Gosling, um ator “de expressão constante” – ou seja, a expressão dele não muda cena após cena. Entre uma constante expressão e outra, Gosling mostra que sabe cantar, dançar e convence ao piano. Isso o levou a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Ator Comédia/Musical. Emma Stone, por sua vez, brilha por si só. É sua presença que impede o espectador que não gosta de musical de ir embora a partir do 8º minuto deste filme, que estreia oficialmente em Curitiba na quinta-feira (19/1). Emma, aliás, também ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz.

La La Land é, como dizem os críticos norte-americanos, um filme do tipo que não se faz mais. Não à toa. Nos tempos de conectividade, coisas cada vez mais rápidas, músicas-descartáveis, selfies e o “aqui-e-agora”, é cada vez mais raro fazer filmes que louvem a nostalgia.