‘Liga da Justiça’, que estreia nesta quarta-feira (15) em Curitiba, acusou a bomba em que ‘Batman vs Supeman: A Origem da Justiça’ se tornou. Primeiro, por causa da pressa: a junção dos poderosos heróis da DC Comics chega aos cinemas um ano e meio após o filme antecessor. Filmes-sequência nunca são lançados num prazo tão curto – a exceção é a saga ‘O Senhor dos Aneis’, mas isso ocorreu porque os três longas foram feitos todos de uma só vez. Segundo, porque ‘Liga da Justiça’ tenta valorizar ‘Batman vs Superman’, com várias referências até em pequenos detalhes, além de trazer vários coadjuvantes de volta, como a jornalista Lois Lane e o mordomo Alfred.
‘Liga da Justiça’, por sinal, tem lá seu momento ‘Senhor dos Aneis’. A trama que movimenta o filme dos super-heróis existe porque, séculos antes, amazonas, atlantes e humanos lutaram contra um inimigo em comum – o vilão Lobo da Estepe – que cobiça um objeto de poder incalculável – no caso, três caixas-maternas, uma espécie de computadores-vivos. Ao derrotar esse inimigo em comum, amazonas, atlantes e humanos levam as caixas-maternas e as escondem. Mas o inimigo ressurge após muitos e muitos anos e quer recuperar os artefatos para dominar o mundo (parece elfos, anões e humanos contra o detentor do “um anel”?).
‘Liga da Justiça’ começa onde terminou ‘Batman vs Supeman’, com o mundo chorando a morte do Homem de Aço (esse spoiler prescreveu) e o Batman achando que ele – e qualquer outro com poderes especiais – será necessário numa batalha que ainda pode estar por vir. Ele já havia deduzido isso no filme anterior e a certeza aumenta depois que enfrenta um parademônio em Gotham City. Batman contacta a amazona Diana Prince (A Mulher-Maravilha) e ambos vão atrás do “morto-vivo” Victor Stone, do escondido Barry Allen e do misterioso Arthur Curry. Stone, o Ciborgue, teve o corpo reconstituído com peças metálicas (graças a uma das três caixas-maternas) e pode acessar qualquer tipo de tecnologia. Allen, o Flash, possui supervelocidade. E Curry, o Aquaman, é um atlante, capaz de se comunicar com as águas e a vida marinha. Juntos, os heróis terão como missão salvar o Mundo, algo que nenhum deles poderia fazer sozinho. Batman, claro, lamenta a ausência do Superman…
‘Liga da Justiça’ possui outra missão: ressaltar o que ‘Batman vs Superman’ tinha de bom (heróis superpoderosos unidos) e esconder o que tinha de ruim. O clima 100% soturno do primeiro filme deu lugar a momentos de bom humor – a mudança de tom teve ligação direta com a troca do diretor Zack Snyder por Joss Whedon, de ‘Os Vingadores’. Por outro lado, há um antagonista que não é lá essas maravilhas. O Lobo da Estepe nem sequer é um vilão bem cotado nos quadrinhos da DC Comics. Suas ambições parecem coisa de dominador do século 20 – no universo da editora, Darkseid seria o oponente ideal e há indícios que ele pode aparecer em um futuro filme. Em ‘Liga’, a única função do Lobo da Estepe é ser a cola que liga heróis que não necessariamente se toleram. Aliás, esse é um dos grandes méritos do filme: ensinar como pessoas aparentemente incompatíveis podem vir a trabalhar em equipe. Batman (Ben Affleck) é a cabeça pensante. Mulher-Maravilha (Gal Gadot) vira a líder de campo. O Ciborgue (Ray Fisher), a ferramenta perfeita. Aquaman (Jason Momoa) assume um lado guerreiro que não tinha antes. Cabe ao Flash (Ezra Miller) ser o escape cômico, embora algumas situações soem forçadas; até o sombrio Batman tem lá suas tiradas.
‘Liga da Justiça’ não para por aí. O epílogo indica que a equipe pode crescer – provavelmente com algum Lanterna Verde, já que esses heróis intergalácticos aparecem de relance. Aliás, uma cena de um dos trailers, em que o mordomo Alfred (Jerey Irons) conversa com um misterioso visitante (internautas especularam que seria um Lanterna Verde), não aparece no filme. E há duas cenas pós-créditos: uma, de tom cômico. Outra, indicando uma continuação.