Humanos, orcs, elfos, anões. A junção dessas quatro raças remete facilmente às obras do escritor sul-africano J. R. R. Tolkien. Se tivesse hobbits, então, mais facilmente ainda – pois associações com O Senhor dos Aneis e O Hobbit seriam irresistíveis. Em sua criação da Terra-Média, Tolkien foi além do que os filmes de Peter Jackson mostraram – vide o exemplo de O Silmarillion. Warcraft – O Encontro de Dois Mundos, que estreia nesta quinta-feira (2) em Curitiba, parece escrito por Tolkien. Mas não é.
Pela sinopse, o mundo de Azeroth, pertencente aos humanos, está à beira de uma guerra. Paralelamente a isso, sua civilização enfrenta uma raça de guerreiros Orcs. Estes, por sua vez, fogem de seu território moribundo para colonizar um novo lugar. Enquanto um portal se abre para conectar os dois mundos, um exército tenta escapar da destruição e o outro enfrenta a extinção. Todos lutam por algo.
Assim como Peter Jackson, o diretor Duncan Jones propõe um universo realista para as raças duelarem. A trama que conduz a essa guerra é básica, mas não necessariamente maniqueísta como em O Senhor dos Aneis. Os humanos não são exatamente bonzinhos. Afinal, guerreiam entre si. E os orcs não são exatamente malvados. Afinal, lutam pela sobrevivência da espécie.
Warcraft, como já se disse, não é feito por Tolkien. Mas está indiretamente ligado a ele. O filme é baseado em um game bastante popular, lançado em 1994 e que teve centenas de derivações. O game vem de jogos de tabuleiros. Estes, por fim, alimentam-se das ideias do escritor de O Senhor dos Anéis.
E essa comparação com O Senhor dos Anéis prejudica Warcraft. O filme traz muitos personagens, mas não explica muita coisa em seu desenvolvimento (por exemplo, qual é a da personagem híbrida Garona, vivida por Paula Patton?). Quem não conhece o game tende a ficara sem entender muita coisa. Um pecado mortal para um filme que se propõe a iniciar uma trilogia.