Os X-Men, os mutantes dos quadrinhos da Marvel, são os heróis mais adorados pelos fãs da editora – ao lado do Homem-Aranha. E, embora tenham aberto a segunda onda de filmes de quadrinhos, a partir de 2000, os X-Men nunca foram campeões de bilheterias. Pelo menos não no nível dos filmes de Homem-Aranha, do Homem de Ferro, do Capitão América e dos Vingadores. É pouco provável que X-Men: Apocalipse, que estreia neste fim de semana – veja crítica AQUI – supere, por exemplo, o desempenho de Capitão América: Guerra Civil nas bilheterias.
A cronologia dos filmes da Marvel neste século seguiu uma trajetória torta. A editora de quadrinhos estava mal de dinheiro e, para fazer um pouco de caixa, decidiu vender os direitos de seus principais personagens para estúdios de cinema fazerem o que bem entendessem. Quem os estúdios escolheram? A Fox pegou os X-Men e o Quarteto Fantástico.
A Sony, que havia comprado a Columbia, com o Homem-Aranha. A Universal ficou com o Hulk. Alguém pensou em Homem de Ferro? Capitão América? Vingadores? Na época, não. Estavam todos em baixa. Eram os “primos pobres”.
A crítica massacrou os dois Quarteto Fantástico, bem como o primeiro Hulk (de 2003). Apenas os três Homem-Aranha de Sam Reimi conciliaram grande bilheteria – acima de US$ 400 milhões cada – e aceitação da crítica. A Fox fez filmes corretos e honestos com a primeira trilogia dos X-Men. Os fãs já consideram que o estúdio perdeu um pouco a mão nos filmes do Wolverine.
Em 2008, a Marvel lançou mão de um dos poucos heróis cujos direitos lhe restavam e fez Homem de Ferro. Se desse errado, seria apenas “mais um” filme. Mas deu certo, até demais. O Homem de Ferro, que sempre foi um personagem de segunda mão nos quadrinhos, virou um astro depois que ganhou a cara de Robert Downey Jr. Abriu as portas para o universo expandido da Marvel no cinema.
O sucesso desse personagem e de outros vingadores forçou os outros estúdios a reativarem seus heróis Marvel na telona. A Fox teve que produzir um novo Quarteto Fantástico porque senão, de acordo com o contrato, reverteria os direitos para a Marvel. Errou a mão, mas isso é outra história. A Sony fez mais dois filmes com o Homem-Aranha, sob o comando de Marc Webb, que não foram tão bem assim. Até por isso, essa nova franquia foi encerrada e surgiu um novo Homem-Aranha, com possibilidade de existir em filmes da Sony e da Marvel – como em Capitão América: Guerra Civil. Tudo graças a um acordo entre os estúdios.
A Fox, “dona” dos X-Men no cinema, viu a necessidade de reformular os mutantes. X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, de 2014, pode ter sido bem mais soturno que a média dos filmes de quadrinhos. Contudo, corrigiu a cronologia dos mutantes no cinema – um acontecimento em 1973 mudou o que seria a base dos filmes de 2000 (X-Men: O Filme), 2003 (X2) e 2006 (X-Men: O Confronto Final), que a essa altura simplesmente deixariam de “existir”. Além disso, Dias de um Futuro Esquecido aproveitou os personagens de X-Men: Primeira Classe e estabeleceu o que se passa em X-Men: Apocalipse. É uma tentativa de reverter a atual tendência: passados 16 anos, os X-Men viraram o “primo pobre” da Marvel.
Curiosidade
X-Men: Apocalipse tem o mérito de contar (ou, em alguns casos, recontar) a origem de mutantes famosos, como Ciclope, Jean Grey e Tempestade, e mostra como o professor Xavier ficou careca. Além disso, traz Hugh Jackman numa ponta não creditada como Wolverine – que pode ser a base para um novo filme desse mutante ou para um novo filme de X-Men.