Você sabe como é feita a medição das corridas?

Vinicius Boreki

São muitas as formas de um corredor marcar seu tempo e sua distância em uma prova. Muitos apostam nos diferentes aplicativos disponíveis para smartphones, enquanto outros preferem os smartwatches, tendo as informações sobre a corrida – pace, tempo, quilômetros, número de passadas, entre tantos outros critérios – ao alcance dos olhos.

Fato é que, independentemente da prova, muitos desses elementos tecnológicos não batem exatamente com a distância anunciada, independentemente da distância escolhida — seja 5, 10, 21 ou 42 quilômetros. Devido às regras e os cuidados necessários para se aferir a distância, é muito mais fácil os aplicativos ou o GPS do relógio estar errado do que o contrário, seja na rua, na trilha ou na montanha.

“A recepção do sinal de GPS varia de aparelho. Alguns atletas utilizam aplicativos de celular que têm uma margem de erro ainda maior. Os erros que mais notamos é que em subidas íngremes alguns aparelhos não reconhecem o percurso e marcam o mesmo ponto (em baixo e em cima), diminuindo a distância. Outros perdem o sinal em matas fechadas ou em encostas, deixando de registrar pequenos trechos”, explica Kleber Ricardo Pacheco, diretor geral da Naventura Outdoor Experiences. 

De acordo com Pacheco, as medições são sempre realizadas com dois modelos diferentes de GPS para que a organização possa ter uma média. “Quem testa as distâncias são os próprios integrantes da equipe, mas podemos levar alguns atletas para o percurso já definido para que difundam essas informações”, ressalta.

Antigamente, a Naventura modificava as provas de um ano para o outro. Agora, até mesmo para que os atletas possam comparar seus desempenhos, as provas têm sido iguais. Uma das preocupações é investir em percursos mais técnicos e pesados, mas sempre oferecer distâncias mais curtas para iniciantes.

Regras específicas das provas de rua

A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) estabelece uma série de regras para a medição das provas. Se a distância for superior a 15 quilômetros, é preciso usar dois medidores – um indicado pela própria CBAt e acompanhado por um árbitro da federação estadual. Para provas de 10 quilômetros ou menos, poderá ser usado apenas um medidor, acompanhado de um árbitro.

São 7 procedimentos que devem ser seguidos na hora de fazer a medição. O mais importante: a distância é aferida com base em uma bicicleta, que vai realizar o exato percurso percorrido pelos atletas no dia da prova. De acordo com as regras, é preciso realizar o trecho em duas ocasiões distintas, usando o caminho mais curto nas curvas, como os corredores costumam fazer. Todos os cálculos e cuidados precisam ser enviados à CBAt a fim de receber a chancela oficial.

Para Pacheco, é importante que o corredor conheça a distância e os desafios do percurso de uma prova para ter um planejamento mais completo, mas sabendo que é alguma variação é possível, especialmente sob o ponto de vista psicológico. “Nossa dica é para que as pessoas se desprendam um pouco do tempo e curtam o percurso, as pessoas, as paisagens”, diz.