Meu filho ainda está na creche. Mas já vejo muitas amigas sofrerem com o difícil momento de escolher uma escola para o filho. E sei que vou passar por algo parecido, afinal a escola é parte importante da formação de uma criança, um lugar no qual ela passa boa parte da semana.
Em geral, na hora de escolher a escola os especialistas vão indicar que a família avalie o local, a metodologia de ensino, se o estabelecimento tem todas as autorizações legais, o material didático etc. Afinal precisamos de uma instituição que ensine valores, que estimule a inteligência, a criatividade e tudo mais que você quer ver florescer no seu filho. São todos pontos importantes. Mas queria propor um exercício diferente: e se a gente deixasse de por tanta pressão na escola? E se a gente usar outros critérios para escolher essa instituição ideal?
Aqui está a minha lista de boas razões para escolher uma escola:
1. Where the cool kids are – sabe aquela conhecida que é uma pessoa realmente especial? Aquele casal que você admira e que tem filhos que são tão bacanas que dá vontade de engravidar de novo só de ficar alguns minutos perto deles? Então, por que não escolher a escola que esse pessoal super legal frequenta?
Pense bem, os amigos que seu filho vai fazer na escola podem ser aqueles amigos que ficam por perto a vida toda. E mesmo que não seja uma amizade duradoura, é provável que essas crianças sejam tão importantes na formação do seu filho quanto a escola. Vai me dizer que você não lembra daquela amiga que te ensinou a gostar de MPB? Ou o amigo que jogava bola contigo?
Por que não dar uma mãozinha para o destino e botar teu filho no mesmo colégio de pessoas que você conhece, admira e sabe que está criando filhos legais?
2. A escola perto de casa – pode ser que seja o colégio de grife ou a escola de bairro, que além de tudo é barata. Mas o importante é que você e seus filhos não vão perder um tempo precioso do dia mofando no congestionamento. Isso significa tomar café ou almoçar com um pouco mais de calma. Significa tempo em casa, para brincar, para dançar, cantar ou não fazer nada. Quer coisa mais preciosa e educativa do que ter os pais por perto por mais tempo?
E, quem sabe, quando a criança tiver idade suficiente, poderá aprender a ir para a aula sozinha. Ou com os amigos. Algo muito importante para que ela aprenda a ser independente.
3. A escola barata – olha, eu tenho que ser honesta aqui e dizer que essa opção é a que mais me causaria incômodo por que que pai/mãe quer fazer pechincha com a educação dos filhos? Ainda mais eu, que vivo da educação? Mas acompanhe o meu raciocínio: uma escola cara não significa necessariamente um ensino melhor. Às vezes a gente paga pela localização, pelas quadras de basquete, futebol, pelo campus lindo. Nem sempre o dinheiro a mais vai para o professor, para ele se sentir bem remunerado, para ele se reciclar.
De repente, a escola que é mais barata oferta uma formação básica adequada. Com a vantagem que a família pode até, de repente, ter um dinheiro extra para gastar com cursos, com viagens, com livros e muitas outras coisas que são tão ou mais educativas que ir para a escola. Mesmo que o dinheiro não sobre, não ter que pagar um colégio que custa uma fortuna tira um peso das costas dos pais. Isso significa, no mínimo, menos estresse e, no caso de quem é autônomo ou frila, menos tempo para o trabalho e mais para a família.
4. A escola pública – a gente não cansa de ver na tv que a escola pública está falida, não tem professores, não tem biblioteca, às vezes nem tem carteiras. Então por que por seu filho lá se você não precisa? Há quem defenda que a qualidade do ensino público só irá melhorar quando a classe média voltar a estudar em colégios municipais e estaduais. Quem diz isso aponta que no passado, muita gente rica estudava em colégios públicos. Ex-governadores, empresários, jornalistas, advogados importantes passaram pelo Colégio Estadual do Paraná, o Instituto de Educação etc. Faz sentido. Quem teve uma formação acadêmica melhor que a média deveria saber como exigir direitos, cobrar ações e defender projetos junto ao governo e à prefeitura.
Mas não é só por isso que você deveria considerar o ensino público. Há muitas escolas estatais que são tão boas e até mesmo melhores que as privadas. Além disso, no ensino público a criança vai conviver com gente diferente, o que nem sempre acontece num colégio particular. E vá me dizer que você não acha importante aprender a conviver com a diferença?
O ensino público também tem professores muito bons. Gente que não vê o ensino como um emprego, mas sim milita pela educação. Há escolas públicas que têm associações de pais e professores muita ativas, que estão presentes na comunidade, coisa muito mais complicada de acontecer num colégio privado.
5. A escola que conquistar seu coração – Paulo Freire dizia que educar é afeto. Para mim, isso quer dizer que é necessário existir uma relação entre professor e aluno dá significação ao conteúdo. A escola não é substituta da mãe e do pai, mas precisa ver o aluno como um indivíduo, alguém que tem personalidade, vontades e necessidades particulares. Não é um número, um padrão. Se você sentiu que a escola acolheu a sua família e seu filho, não tenha dúvidas: é lá que seu filho deve estudar.