A última coisa que devemos dar aos filhos é um “mundo perfeito”

Redação Bem Paraná

Nas minhas andanças pela internet achei uma matéria sobre o cantor Sting que, apesar de ter uma fortuna, já avisou que não vai deixar nada para os filhos. Ele diz que pretende gastar tudo em vida, porque os filhos têm suas profissões, seguiram seus caminhos. Em um primeiro momento, parece estranho, mas acho que ele está certo. Devemos dar aos filhos, dentro de nossas possibilidades, a oportunidade de estudar, mas são eles que devem construir suas vidas.

É uma tentação deixar o mundo perfeito para eles, com um apartamento comprado, um carro na garagem, uma conta com muito dinheiro, bens para que eles tenham um futuro “tranquilo”, mas não é certo. É com trabalho, a decepção e a conquista de cada dia que se constrói a vida, o caráter e o valor das coisas.  Não estaremos aqui para sempre com uma cama elástica pronta para cada amenizar cada tombo dos nossos filhos.

Outro dia uma profissional de Recursos Humanos me contou que o problema do mercado de trabalho não é mais qualificação. Todos os jovens têm faculdade, pós, mestrado, falam mais de um língua. O problema agora é mais grave. Eles não têm preparo para ouvir  “não”. Eles não conseguem receber ordens e nem respeitar hierarquia, não suportam serem preteridos em uma disputa por um cargo, não conseguem lidar com a frustração. Estamos então em uma crise de educação em casa. Os pais mimam tanto seus filhos que eles não estão preparados para viver no mundo real.

Tem um ditado antigo que prega que criamos filhos para o mundo e acho que está certo. É contraditório para uma mãe, mas acho que minha missão é fazer com que não precisem de mim, seja emocionalmente, financeiramente e profissionalmente e para isso é preciso que enfrentem e conquistem o mundo com suas próprias pernas e cabeça.

É hora de os pais refletirem sobre o bem e o mal que estão fazendo aos seus filhos, ainda que as intenções sejam sempre as melhores. O mundo perfeito é um presente de grego.