Então, Bela Gil anuncia que seu filho deverá se chamar Jiló. Jiló? Confesso que achei que era algum tipo de pegadinha da internet. Logo imagino o tanto de bullying que uma criança com esse nome passaria durante a infância, depois a adolescência e como adulto também. Eu digo “passaria”, porque felizmente a lei brasileira tem mecanismos para barrar ideias absurdas para nomes, o que provavelmente acontecerá na hora em que Bela Gil e seu marido tentarem registrar a criança como Jiló.
O que a lei brasileira estabelece, é que os cartórios podem recusar nomes que ridicularizem a pessoa. Se isso acontece, e os pais insistem no nome, o caso vai para um juiz que determina a questão. No caso de nomes diferentes, com muitas consoantes, o critério que a maioria dos cartórios usa, é que se comprove que esse nome existe, através da sua referência em qualquer documento (Enciclopédias, livros, internet ou outro), quer no Brasil ou qualquer outra parte do mundo. E se mesmo assim o nome estranho passar, quem tiver sido registrado com um nome que considere impróprio, tem a oportunidade de o alterar na Justiça. Um atendente de cartório me contou que certa vez um pai queria colocar o nome da filha de Jhennhifher (sic), escrito assim para homenagear três pessoas que tem nomes que começavam com a letra “h”. O caso foi para um juiz, que determinou que o nome deveria ser escrito Jennifer. Me lembro também de uma amiga da minha avó que se chamava Liberdade, Igualdade, Fraternidade, porque o pai adorava a França. Ela conseguiu tirar Igualdade e Fraternidade do registro, mas ficou com Liberdade, porque não queria que o pai ficasse tão triste.
Outros países tem regras mais rígidas com nomes, como o Brasil. Na Alemanha, preocupações similares quanto ao constrangimento infantil ocorreram quando um casal turco foi proibido de chamar seu bebê de Osama Bin Laden, o ex-líder da Al-Qaeda morto no Paquistão há dois anos. Outro episódio polêmico aconteceu com um casal que quis batizar seu filho de “Berlim”, em homenagem à cidade em que se conheceu. A Justiça alemã inicialmente não aceitou o pedido, mas teve de voltar atrás depois de reconhecer que já havia dado ganho de causa a uma família que batizou seu filho de “Londres”. A Alemanha também proíbe que sobrenomes sejam usados como pré-nomes. Assim, Merkel (atual chanceler alemã), Schröder (ex-chanceler) e Köhl (ex-chanceler) são banidos como nomes de crianças.
Na Nova Zelândia, um pedido de um casal para batizar seu filho de 4Real (“de verdade”, em tradução livre) não caiu no gosto das autoridades. Um juiz também deu autorização para que uma jovem local mudasse seu nome de batismo. Ela chamava-se “Talula Does The Hula from Hawaii” (“Talula faz a Ula do Havaí”, em tradução livre).
Situação parecida acontece no Japão. Quando os pais japoneses vão registrar seus recém-nascidos, as autoridades locais podem negar o registro se acharem que o nome é inapropriado. Em 1993, o nome Akuma, que significa “demônio”, foi banido.
O Reino Unido e os Estados Unidos têm leis mais liberais e parece que pais mais inconseqüentes. Pais americanos e ingleses podem batizar seus filhos de praticamente qualquer coisa, por isso os artistas batizam seus filhos com nomes bem esquisitos. É o caso de Kim kardashian e Kanye West que aproveitaram os pontos cardeais para nomear a filha North West (Norte Oeste). Geri Halliwell, ex-Spice Girl, batizou sua filha como Bluebell (Sino Azul, uma flor) Madonna.
Escolher o nome do filho não é uma tarefa fácil e também é muito pessoal. Mas o primeiro passo é garantir que ele não se torne um problema por toda a vida da criança, seja qual for o futuro dela.