Um filho é pouco, dois é bom e três é demais?

Redação Bem Paraná

Quando saio com as crianças e as pessoas percebem que tenho três filhos com idades tão diferentes, 13, 8 e 1, sempre ouço duas perguntas básicas. O terceiro foi sem querer? O mais novo é do segundo casamento? O espanto é geral quando digo que o terceiro foi planejado e que sim, os três são do mesmo marido.

Realmente, na minha faixa etária não são comuns casais com três filhos e os dados do IBGE comprovam, a tendência de os casais brasileiros terem cada vez menos filhos. Na década de 1980, a média de filhos por mulher era de quatro em média, passando para dois em 2005. Estima-se que, até 2024, eles não passem de um.

Eu nunca pensei em casar e muito menos ter três filhos. Mas depois que tive a primeira filha, descobri as delícias da maternidade, com todo o ônus e bônus disso. E foi pensando na casa cheia e na solidão da primeira filha, planejamos o segundo. Demorou porque demorei para engravidar. E o terceiro foi uma sorte: pensamos na possibilidade, e fizemos uma aposta. Se eu engravidasse até o fim daquele ano tudo bem, caso contrário desistiríamos da ideia. A família achou loucura, alguns amigos também. E o menino veio. Não foi nada tão planejado assim, mas nós quisemos cada um dos três. Simplesmente, descobrimos na nossa caminhada que gostávamos da casa cheia, da bagunça.

Muitos que têm um filho alegam que têm só um porque pretendem dar um futuro brilhante para ele. Realmente,  se tivéssemos ficado só na mais velha, ela estaria em um colégio melhor, talvez no francês, inglês, equitação, e quem sabe viajaríamos mais para o Exterior. A vida seria mais tranquila.

Mas olhando hoje os meus três, o carinho de um cuidando do outro, o aprendizado de dividir não só as coisas, mas a atenção dos pais, experimentando a vida em comunidade. Tanto a mais velha quanto a mais nova já não são somente cuidadas, elas já sabem cuidar e o irmãozinho ensinou isso para elas. Acho que esse aprendizado é único e que vai também ajudá-los na vida pessoal e profissional lá na frente. Pode parecer meio piegas, mas penso em um futuro bem lá adiante quando eu não estiver mais aqui, porque irmãos brigam, mas se defendem e se unem como ninguém.

Se é melhor ter um  filho, dois, três ou quatro, depende muito do estilo de vida que os pais pretendem manter, isso vale para o lado financeiro também. Com três filhos e em idades diferentes fica difícil aceitar todos os convites das amigas para sair, mas fica fácil fazer uma festa só com os moradores da casa. Fica mais difícil conciliar o trabalho, os três filhos e a academia, mas com certeza você vai gastar algumas calorias para dar conta do seu time. Fica incrivelmente ver um filme antes das 2 horas da manhã, mas você vai se sentir incrivelmente jovem ao ser bem informada sobre o entretenimento para todas as idades, dos desenhos da Peppa, passando pelos Percis Jacksons,  e chegando às Monsters Highs.

Como tudo, há bônus e ônus para qualquer escolha que fazemos na vida. Mas uma coisa garanto: o abraço de uma grande família como a minha é a melhor coisa do mundo.