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Deputada Mabel Canto, líder da bancada feminina. Foto: Orlando Kissner/Alep

O deputado estadual Ricardo Arruda (PL), em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (16), referiu-se várias vezes à ministra Carmen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal) como bruxa. As deputadas Cristina Silvestre (PP), Luciana Rafagnin (PT), Ana Julia (PT) e Mabel Canto (PP) protestaram. A reação mais veemente foi de Mabel Canto, que é líder da bancada feminina na Assembleia. Ela já anunciou, por meio de nota, que juntamente com integrantes da bancada irá protocolar denúncia ao Conselho de Ética.

A nota da deputada diz: “A deputada estadual Mabel Canto (PP), líder da bancada feminina na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), por meio de nota, informa que juntamente com outras parlamentares que compõem a bancada irão protocolar denúncia contra o deputado Ricardo Arruda (PL) ao Conselho de Ética da Casa. A deputada ressalta que declarações como a proferida na sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira (16) são recorrentes por parte do parlamentar e que esse tipo de discurso deve ser combatido dentro e fora da ALEP. Mabel ainda classificou as declarações contra a ministra Carmen Lúcia e contra as deputadas como violência política de gênero.”

Fiel ao seu estilo de discursar em altos brados, Arruda queixou-se da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na semana passada no julgamento da trama golpista e disse que o voto contrário do ministro Luiz Fux “desmascarou a bruxa da Carmen Lúcia” e os demais ministros.

A deputada Cristina Silvestre pediu um aparte e disse que já ouviu mais de uma vez o deputado Arruda desrespeitando as mulheres, mas achou que chamar a ministra do Supremo de “bruxa” foi “pesado demais”. E pediu que a presidente da sessão, deputada Flavia Francischini (União) retirasse essas referências das notas taquigráficas. Flavia concordou.

Arruda voltou a vociferar contra Carmen Lúcia, dizendo que ela é “bruxa” na sua opinião. E pediu para que a expressão fosse mantida nas notas da sessão, mas não conseguiu convencer a presidente. “Tanta canalhice que o STF fez e eu tenho que me preocupar se vou chamar a ministra de Cinderela ou de bruxa”, queixou-se.

Em seguida, veio a fala da deputada Mabel Canto, como líder da bancada feminina. Ela citou outras agressões às mulheres praticadas pelo deputado no Legislativo e ali mesmo já anunciou o acionamento do Conselho de Ética da Assembleia. “O senhor está passando dos limites”, avisou Mabel canto logo no início de sua fala. “Em toda a sessão o senhor profere um xingamento contra uma mulher. E não adianta fazer essa cara aí, não. O senhor está desrespeitando as mulheres e ninguém aguenta mais isso. É um xingamento chamar uma pessoa de bruxa. Uma mulher que tem um currículo, que lutou muito para chegar onde chegou”, disse.

“O senhor precisa respeitar as mulheres. É por causa disso que todos os dias uma mulher sofre violência, é por isso que as mulheres não vêm para a política. é por isso que as mulheres preferem ficar em casa. Porque todo o dia tem o comportamento de alguém assim. Tem que parar com isso, pelo amor de Deus. O senhor já foi desrrespeitoso com a deputada Luciana, com a deputada Ana Júlia. Já falou de outras mulheres aqui. O senhor pode ter o posicionamento que o senhor quiser. Eu, por exemplo, não entro na direita ou na esquerda, eu respeito ambos os lados. Inclusive sempre lhe respeitei muito. Mas não vou mais ser conivente de ver esse desrespeito contra as mulheres”, disse também.

A líder da bancada feminina aproveitou seu discurso para se manifestar também em favor da professora Melina Fachin, da Faculdade de Direito da UFPR, que foi vítima de agressão física e verbal na última sexta-feira (12). Mabel falou em elaborar uma nota de solidariedade à professora em nome da bancada feminina.

A deputada Luciana Rafagnin, em aparte, destacou a importância da fala de Mabel Canto e da sua atuação em defesa das mulheres. Ela também se disse solidária à professora Melina Fachin, da UFPR, vítima de agressão na última sexta-feira (12) em Curitiba.