
A candidata derrotada no segundo turno à prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml (PMB), disse em entrevista após a divulgação do resultado eleitoral, que está apenas começando sua vida política. Segundo Cristina, a eleição deixou claro que Curitiba e o Brasil precisam de novas lideranças e ela não está só na sua luta. “Há um novo grupo político, formado no Paraná e no Brasil, tem uma força nacional também me amparando”, disse.
Veja os principais trechos da entrevista de Cristina Graeml:
“Eu queria agradecer imensamente 390.254 curitibanos que acreditaram na nossa proposta de uma Curitiba livre e de um país mais justo. Isso não morre. Eu acho que aqui está iniciado um movimento que não é só curitibano. Foi um movimento que se espalhou pelo Brasil. Agradeço a todos e a cada um de fora de Curitiba, de fora do Paraná, que me mandaram, não só muita força, mas muito apoio ao longo dos últimos meses
Agradeço profundamente a cada um da minha família, que viu duramente o nosso sobrenome ser jogado numa lama. A nossa família construiu muito aqui na história de Curitiba. Os nossos antepassados muito nos honram, eu tenho muito orgulho da minha história. Eu tenho muito orgulho da minha carreira no jornalismo, de 34 anos. Tenho muito orgulho desse início de carreira política. Isso aqui foi só um início, a gente sai mais forte.
Eu posso dizer para cada um que hoje está triste: não fique triste. Nós somos grandes. Nós mostramos a nossa força e conseguimos fazer um sistema partidário completamente viciado se mostrar com toda a sua força contra uma mulher, contra uma pessoa que, pela primeira vez, colocou seu nome a serviço da cidade.
Aqui não tem nem um pingo de tristeza, nem um pingo de remorso. Nós fizemos uma campanha limpa, não gastamos um centavo de dinheiro público, lutamos contra tudo e contra todos. Uma máquina de mentiras, contra muitos jornalistas que não se deram ao trabalho de buscar a verdade, que foram comprando as calúnias disparadas contra mim. E eu estou inteira, limpa. Eu continuo na luta e a gente vai seguir firme por um Brasil mais justo, por uma Curitiba mais livre.
Eu vi que renasceu um sentimento no curitibano, no Brasil, renasceu uma esperança que estava adormecida. O curitibano entendeu, o Brasil entendeu que a gente precisa de novas lideranças. Acho que isso ficou muito claro na minha campanha. Qualquer um de nós que se preste a se colocar a serviço da sua cidade, do seu estado ou do seu país, tem espaço.
A máquina do Estado, do poder político, é acachapante, mas ela não é intransponível. A gente tem muita força, como cidadão, quando a gente se une. Alguém que não faz parte de família política, de grupo político, que sequer tinha partido, que teve que lutar contra o seu próprio partido. De repente, o Partido da Mulher Brasileira não queria que uma mulher estivesse na disputa e não queria que uma mulher chegasse ao segundo turno. Não comemorou que uma mulher chegou ao segundo turno pela primeira vez na história e se posicionou neutro.
O nível de consciência política do curitibano e do brasileiro está demonstrado nessa eleição. E é a isso que eu me refiro quando eu digo que a caminhada só começou, eu acho que a gente ainda tem muito que crescer, como como cidadãos conscientes por cidadania política mesmo.
Não deu nada errado. Eu não me considero uma perdedora. Eu acho que isso aqui é uma vitória de quase 400 mil curitibanos que resolveram dizer não ao sistema, a esses grandes grupos políticos que se revezam no poder, que se perpetuam no poder, ao próprio sistema eleitoral, como ele está construído. Essa distribuição de dinheiro público para alguns, aos milhões. Essa farra com o dinheiro do eleitor. Tantas carências nos municípios, no estado e no país, e a gente vendo os partidos torrar dinheiro para difamar adversários que sequer tinham força para combater aquela quantidade de mentiras.
Nós vamos estar muito atentos para cobrar que todas aquelas promessas de campanha sejam cumpridas, e cobrar resultados. A gente não pode esquecer que houve a promessa de colocar 10 mil crianças que estão fora da creche até dezembro na sala de aula. Nós queremos ver essa promessa cumprida, entre tantas outras.
Eu acho que pelo menos esse grupo pode levar esse comunicado que veio das urnas. Tem uma parcela grande de curitibanos, que não se sente ouvida pelos gestores atuais que continuam no poder. Então eu espero realmente que Curitiba possa passar a ser ouvida a partir de agora, em 2026 e em 2028.
O que vai acontecer comigo daqui pra frente? Eu vou pensar com o meu grupo político. Há um novo grupo político, formado no Paraná e no Brasil, porque tem uma força nacional também me amparando. Eu sou muito grata a todos os deputados federais e senadores que abertamente declararam apoio à minha candidatura, mesmo sendo de partidos que estavam na composição local aqui, apoiando o candidato adversário.”
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