ponto de vista debates câmara

Qual o papel de um vereador? Quem acompanha as sessões do Legislativo de Curitiba e não sabe bem o que faz essa casa pode até pensar que ali se deve discutir o que fazem o governo federal e até governos de grandes potências mundiais, como os Estados Unidos, principalmente. Na semana passada, a Câmara de Curitiba gastou horas em debates sobre uma moção de apoio a Donald Trump e outra de repúdio à deputada federal Erika Hilton. Primeiro, a pergunta: é isso mesmo que eles devem fazer ali? E segundo, tudo foi debatido em clima de clássico de futebol. Argumentos raivosos, viscerais. No lugar de dados e informações confiáveis, paixões cegas.

Quando a Câmara de Curitiba se debruça sobre assuntos de interesse local, o trabalho avança. A sessão desta segunda-feira (10) foi um exemplo disso. Os vereadores aprovaram por unanimidade a atualização da Lei do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que vigorava há 14 anos. Com a mudança, serão realizadas mais ações em educação e para maior rapidez no diagnóstico. Os discursos e apartes, assim como a aprovação do projeto, foram unânimes.

Também foi unânime a aprovação de uma moção de apoio ao jogador Léo Pelé, que foi vítima de injúria racial no último clássico Atletiba. Assunto sério, grave, que não é incomum em Curitiba, e que gerou manifestações favoráveis de vereadores da esquerda à direita.

O Legislativo é o espaço do contraditório, sim. Mas será que a Câmara é o espaço de debates de temas que não farão a menor diferença na vida dos curitibanos? A jovem vereadora Camila Gonda (PSB) já questionou isso na própria Câmara na semana passada. É para se pensar.

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