Democratas em silêncio diante das evidências do golpe. Será que é hora de ficar quieto?

Martha Feldens
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o planejamento de um golpe militar após a eleição do presidente Lula, em 2022. Nos últimos dias, vieram à tona novas informações sobre o que se passou entre o segundo turno da eleição e o famigerado dia 8 de janeiro de 2023, quando houve invasão aos prédios do executivo, legislativo e judiciário em Brasília. Mas no Paraná, até agora, só políticos ligados ao atual governo federal se manifestaram sobre as revelações da Polícia Federal. Só que um golpe não atinge apenas quem ganhou e não vai poder governar. Atinge a sociedade como um todo. Será que, com tantas evidências de um plano de golpe, é hora de democratas ficarem em silêncio?

Do que já foi divulgado, havia até um plano de assassinato do presidente eleito, Luiz Ignacio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. E esse plano, diz a Polícia Federal, foi feito por militares de alta patente, com muita proximidade com o governo anterior, de Jair Bolsonaro, inclusive com gente que trabalhava dentro do Palácio do Planalto. Agora, as informações são de que a PF deve incluir o próprio ex-presidente entre os indiciados.

Ou seja, não era um delírio de lunáticos, sem qualquer chance de dar certo. Ao contrário, entre os militares que planejavam o golpe estavam os chamados kids pretos, integrantes de um grupo de operações especiais altamente treinados. E generais com larga experiência em comando de tropas.

E para completar tivemos, há poucos dias, um homem bomba, que se explodiu na frente do STF, o que mostra que essa disposição de resolver as coisas à força ainda não se esvaiu.

Regime militar a gente sabe quando começa, mas não quando termina. O último durou 20 anos e deixou mortos e desaparecidos.

O risco de cairmos de novo em um regime militar deveria provocar reação de todos que dizem democratas.

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