Goura vê espaço para crescer e ser candidato se chegar a dois dígitos nas pesquisas

Martha Feldens
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Foto: Orlando Kissner/Alep

Pré-candidato do PDT à prefeitura de Curitiba, o deputado Goura não é taxativo em dizer que será candidato de qualquer forma. Ao contrário, admite que existem conversas com um grupo de mais seis partidos (PSOL, Rede, PSB, e a federação entre PT, PCdoB e PV) e que tudo está ainda em aberto. Mas, com os 13% de votos que fez na eleição de 2020 e os índices entre 4% e 6% que vem tendo nas pesquisas de intenção de voto até agora, ele vê espaço para crescer. “Se em junho ou julho estiver com dois dígitos, o melhor é ser candidato mesmo e pensar em aliança no segundo turno”, disse ao blog nesta quarta-feira após a sessão da Assembleia Legislativa.

O espaço para crescer que Goura vê vem da constatação de que nenhum dos pré-candidatos vem conseguindo disparar nas pesquisas de intenção de votos. Nem mesmo nomes como os dos ex-prefeitos Beto Richa (PSDB) e Luciano Ducci (PSB), já conhecidos dos curitibanos, ou nomes com mais exposição pública, como o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), que tem o apoio tanto do prefeito Rafael Greca como do governador Ratinho Junior, e mesmo do deputado Ney Leprevost (União), que já foi candidato e chegou ao segundo turno na cidade. Ele ainda cita Deltan Dallagnoll (Novo), que teve “superexposição” quando foi procurador da Lava Jato. “O cenário está muito aberto, bem diferente de 2020. Tem cinco pré-candidatos na frente, mas nenhum ultrapassa os 15%”.

Goura é presidente do PDT no Paraná e vem comandando um processo de reorganização do partido no estado. Ele reconhece que é um trabalho de longo prazo, já pensando em 2026, 2028 e 2030.  Mas diz que conta desde já com muito apoio da direção nacional da sigla, e também valoriza quem está chegando agora para se somar ao partido e à sua pré-candidatura. “Nosso maior ativo é o entusiasmo de gente que vem espontaneamente, gente com tesão de querer trabalhar pela cidade”, conta.

Assim, o pré-candidato já montou grupos temáticos com participação de especialistas e pesquisadores das universidades e também com  servidores da administração municipal. Todos são voluntários e estão juntos “para pensar na cidade”, diz.

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Pensar a cidade é condição para aliança com qualquer candidato, diz Goura

Muito mais que somar tempo de TV ou juntar recursos do fundo partidário, uma futura aliança com Goura deverá passar pelo que ele chama de “convergências na concepção do que se quer para a cidade”. “Não vou embarcar em aliança que não tenha proposta nítida de concepção de cidade”, avisa.

A priori, ele vê convergências no que pensam os políticos com quem conversa nos seis partidos que cita como possíveis aliados. “Existem, sim, muitas convergências, mas tem que sentar e afinar as ideias. Está tudo muito genérico, tem que detalhar”.

Como ponto de partida de sua pré-candidatura Goura divulga a cartilha “A Curitiba que queremos”, em que relaciona o que quer ver num plano de governo para a cidade, seja dele mesmo ou de um eventual aliado como candidato

Entre esses pontos, ele fala da “Curitiba do centro vivo e dos bairros pulsantes”, com ações para melhorar o trânsito e o transporte público, a segurança e a oferta de serviços de esporte, cultura e lazer. No Meio Ambiente, cita plantio de árvores, preservação dos rios, e propõe o lixo zero, com eliminação de aterros, compostagem em larga escala e melhores condições aos catadores de recicláveis. A cartilha trata ainda de outros temas fundamentais para a administração municipal e é uma espécie de convite ao engajamento à pré-candidatura do deputado.

Cidade inteligente com rios podres e nenhuma informação ao usuário no ponto de ônibus

Goura é crítico em relação à atual gestão municipal. “O transporte público vem perdendo passageiros; há uma fila de 7,5 mil crianças à espera de uma creche; a cidade está cheia de radares e teve 166 mortes no trânsito em 2022”, enumera. E quando lembra que Curitiba ostenta um título de “cidade mais inteligente do mundo”, ironiza. “Cidade mais inteligente, mas com rios podres. Nenhuma informação ao usuário no ponto de Ônibus”, diz.

Então, por que o prefeito Rafael Greca (PSD) é tão popular, com uma aprovação de 56% de sua gestão (com ótimo de bom) na pesquisa do Instituto Opinião divulgada esta semana? O possível candidato Goura tem algumas explicações: 1 –  “O Greca é um personagem, não se fica indiferente a ele. Nós vivemos uma tik-tokização da política, em que figuras com certas qualidade pessoais são muito valorizadas”. 2 – “Há uma propaganda intensa da gestão “. 3 – “Há um certo cuidado estético superficial com a cidade, não é zelo de verdade”.