Cotado para trocar a Secretaria do Planejamento pela das Cidades, Guto Silva (PSD) é um dos vários nomes que se colocam como candidato à sucessão do governador Ratinho Junior (PSD) no ano que vem. Mas a julgar pelo que ele próprio admitiu em entrevista ao programa Bem na Pauta, do Estúdio Bem Paraná, o tema eleição vai ter que ficar para mais à frente. E a ordem veio de cima, do governador Ratinho Junior.
“Quando a gente antecipa a agenda eleitoral, acaba gastando muita energia com o processo eleitoral e acaba esquecendo de governar”, disse o secretário. Por isso, completou, o governador deixou claro: vamos organizar, eleição se discute no ano que vem. Questionado se Ratinho mandou explicitamente pisar no freio, Guto explicou:
“De certa forma, sim. Ele é muito sutil nas falas, mas sinalizou pra isso”, admitiu. “Ele deu um sinal: vamos com calma, temos que governar, temos que fazer entregas, temos que tirar ações ainda do papel, não posso ficar gastando 30, 40% do meu dia em energia pra poder resolver questão política, né?”, contou o secretário. Além de Guto Silva, o PSD do governador Ratinho Junior tem pelo menos mais três nomes que postulam a vaga de candidato no ano que vem: o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, o atual presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, e o vice-governador, Darci Piana.
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Capacidade de realização do governo
Esse grande número de pré-candidatos se explica com os altos índices de aprovação do atual governo, acima de 80% nas pesquisas que têm sido divulgadas. Guto Silva diz que esse projeto precisa continuar, com a eleição do sucessor oriundo do mesmo grupo político que sustenta Ratinho hoje.
Ele destaca os principais indicadores do que chama de “capacidade de realização” do governo estadual. O primeiro deles é o comparativo entre receita líquida do estado versus sua capacidade de investimento. Enquanto em outros estados – e mesmo no Paraná em outros governos – o percentual de investimento fica entre 2% e 3%, no Paraná chega a 10%.
“Significa rodovia, escola, creche e assim por diante. Investimentos que vão se transformar em coisas reais. Significa que mais de 10% da receita líquida do Estado está sendo retornada ao cidadão em benfeitorias”, explicou.
Claro que esse bom desempenho tem a ver com a economia paranaense, que também cresce acima da nacional. “O Brasil tem crescido 2,3%, 2,4%. O Paraná em 2023 cresceu 5,8%, foi o maior crescimento nominal do país”, lembrou. E isso exige mais investimentos em infraestrutura, inclusive para que o estado continue crescendo nesses índices.
O secretário cita a importância de grandes obras em infraestrutura que o governo vem fazendo, algumas em parceria com a iniciativa privada, no caso das concessões rodoviárias e de aeroportos. “Destaco a infraestrutura aqui com algumas rodovias, como a 092 aqui no Norte Pioneiro, a 323 na região de Umuarama, que ganhou terceiras pistas e teve resolvido o problema do trevo do Gauchão. A 280 lá no Sudoeste, na minha região; foi feita uma rodovia em pavimento de concreto completamente nova. Destaco o Porto, que tem investimentos vultosos, como o novo Moegão. Os aeroportos, mas aí num processo de concessão pública”, exemplificou.
“Então, quando a gente olha a estrutura do Estado, rodovia, ferrovia, aeroporto, gás, eletricidade, habitação, todos esses elementos, tem sido um volume extraordinário de recursos”, completou.
O secretário cita ainda a baixa taxa de desemprego no estado. Segundo ele, o olhar do governo para manter o crescimento econômico, garante também a baixa taxa de desocupação, que no último mês ficou em 3,2%, tecnicamente já uma economia de pleno emprego.
“As pessoas sabem o que é bom e ruim”, diz Guto Silva sobre a popularidade de Ratinho
Mas a alta taxa de aprovação do governo não vem só das grandes obras, diz o secretário. “Eu acho que a popularidade vem de quando você está com um bom emprego, quando você está empregado, quando sua família tem um acesso à saúde digno, quando seu filho vai para a escola e tem a melhor educação pública do Brasil, de que nós temos um orgulho imenso. As pessoas sabem o que é bom e ruim. Eles sabem que nós pagamos muito tributo, e que é um retorno do Estado”, disse.
“É ruim para o cidadão quando ele está pagando muito tributo, mas o serviço não chega. Então, quando a gente chega em uma rodovia, numa região que faz 30 anos, que estava lá parada, a BR 280, acabada, e coloca um pavimento em concreto, se vê que o governo está fazendo a sua parte. Quando ele adentra um colégio estadual, onde o filho tem robótica, tem programação de computadores, também. Quando nós mandamos todos os anos mais de mil alunos para estudar no Canadá, nos Estados Unidos, na Nova Zelândia, e esse menino da escola pública, no município pequeno, volta para a sua comunidade como liderança, também”.
O que ainda será feito até o fim da gestão de Ratinho
Guto Silva garante que ainda dá tempo de fazer muitas obras importantes até o fim da gestão atual. E destaca o litoral. “E aqui quero fazer um recorte porque o litoral, por muitos anos, mais de duas décadas, perdeu turistas para Santa Catarina. Com todo respeito aos catarinenses, que a gente gosta muito, a ideia é poder inverter essa lógica”
“Para que a gente possa atrair turistas, eu destacaria esses investimentos bilionários que acontecem no litoral, que vão desde a Ponte Guaratuba, engorda de Matinhos, e agora, lançada recentemente pelo governador, toda a requalificação de Pontal do Paraná, requalificação da Orla de Paranaguá e requalificação de Guaratuba. Nós vamos ter uma cara nova no litoral, além das obras estruturantes que acontecem”, prometeu.
Na infraestrutura do litoral, ele citou ainda a duplicação Garuva-Guaratuba, no sentido de Santa Catarina e a duplicação Pontal do Paraná até Matinhos. “E esse tipo de investimento não é aleatório, solto, por demanda política ou por uma questão pontual. Ele é pensado, ele é projetado, ele é avaliado, onde vai ter o impacto de fato, onde vai poder transformar aquela localidade. Os investimentos públicos têm que conversar. A infraestrutura tem que dialogar com a educação, tem que falar com a saúde”, completou.
Equipe afinada e governador que acorda cedo
O secretário reconhece que contribui para essa capacidade de realização uma equipe afinada e o estilo de trabalho do governador. “O Ratinho tem uma característica: ele dá muita liberdade para a gente poder trabalhar”, disse. Mas também cobra. “Eu brinco que ele é o primeiro governador do WhatsApp, porque às 5h30 da manhã – ele acorda muito cedo – e já começa a disparar mensagens para seus secretários as demandas”, contou.
“É o ritmo que ele encontrou. E tem essa possibilidade tecnológica de dar velocidade e cobrar os secretários. Mas ele dá muitas condições para todos trabalharem. Isso é uma questão unânime no governo, que tem esse fluxo muito tranquilo. Não tem gerência pontual na nossa secretaria sobre o assunto de varejo, que a gente chama, né? Ele está preocupado com as grandes ações,com as coisas que realmente vão transformar a vida das pessoas”.
Veja a entrevista completa: