O deputado federal Beto Richa, presidente estadual e vice-presidente nacional do PSDB, disse nesta segunda-feira (24) que no máximo até agosto devem estar concluídas as tratativas para a fusão de partidos que virão a compor uma futura sigla para ocupar o que o grupo está chamando de “centro democrático”. A intenção é num primeiro momento criar essa nova sigla, que em princípio viria da fusão de PSDB, Podemos e Solidariedade, e em seguida formar uma federação com o MDB. E essa federação concorrerá em 2026 com um nome de centro para fazer frente aos candidatos da esquerda e da direita e oferecer uma alternativa viável à polarização política no país.
Na quinta-feira da semana passada, Richa participou com outros líderes tucanos de uma reunião em São Paulo com a cúpula do MDB. Nessa reunião, segundo o deputado, ficou claro que o mais interessante tanto para o PSDB como para o MDB não seria uma fusão entre si. “O PSDB e o MDB têm um legado político muito grande”, disse Richa, não podem desaparecer. Então, a opção mais interessante seria se unir em uma federação, onde cada partido mantém sua própria administração, seu número, seus fundos partidário e eleitoral. Uma nova reunião com o MDB deve ser feita assim que o quadro de fusão com Podemos e Solidariedade estiver mais definido.
Antes cogitada, uma aliança com o PSD agora está descartada, pois o partido liderado por Gilberto Kassab e que tem em seus quadros o governador Ratinho Junior, só aceitaria uma incorporação do PSDB. “Não podemos aceitar uma incorporação em que o PSDB simplesmente deixaria de existir”, explicou o deputado.
Em relação à fusão com o Podemos, contou o deputado, o avanço foi grande. Ele conversou com a presidente nacional do partido, Renata Abreu, no mesmo dia da reunião com o MDB. Em seguida, a conversa também avançou com o Solidariedade. Novas tratativas devem ser feitas logo depois do Carnaval, segundo Richa. Até um possível nome já foi cogitado: PSDB/Podemos. Caso se confirme também a federação com o MDB, esse grupo teria, nas contas atuais, 80 deputados federais e seria a segunda maior bancada na Câmara.
“Vejo muito espaço para o centro democrático”, disse Richa ao blog. Para ele, o que hoje se vê no Congresso é uma “polarização improdutiva”. O PSDB, segundo ele, sempre se colocou como oposição ao governo federal – seguindo “a linha que foi imposta pelas urnas” – mas “trabalha com propostas equilibradas, que dão espaço ao contraditório e buscam o consenso nos argumentos.” De qualquer modo, nessa fusão, a intenção é manter essa postura de oposição, com partidos que não façam parte do governo.
Richa entende que a população brasileira também está cansada da polarização. “Tanto que as pesquisas nacionais mostram que tanto (o presidente) Lula quanto (o ex-presidente) Bolsonaro tem aumentado”, exemplificou. Por isso, vê muito espaço para o crescimento de uma proposta de centro como alternativa a essa polarização. “Já na última eleição isso ficou claro. Muita gente votou em Lula só para ser contra Bolsonaro. E o contrário também”, disse.
Para o presidente do PSDB estadual, ao longo do país existirão questões locais que podem levar a integrantes de qualquer dos partidos a se opor a essa fusão, mas ela deve acontecer independentemente disso, uma vez que as lideranças regionais e os diretórios, em sua maioria, são favoráveis.
O Paraná, neste caso, já tem sua própria questão local nesse sentido. Recém-filiada ao Podemos, a candidata derrotada à prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml, sempre se posicionou à direita e é uma das grandes defensoras do ex-presidente Jair Bolsonaro no Paraná. Sobre isso, Richa disse: “Não dá para levar em conta a posição de cada pessoa. A liderança maior do Podemos, Renata Abreu, aprova a fusão”.
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