Pesquisa Opinião: Brasileiros desconfiam do STF e avaliam negativamente o Congresso

Martha Feldens
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Supremo Tribunal Federal. Foto: Antonio Augusto

A pesquisa do Instituto Opinião divulgada nesta terça-feira (15) mostra que os brasileiros têm desconfiança em relação ao trabalho do STF (Supremo Tribunal Federal) e desaprovam o Congresso. “A confiança nas instituições tem oscilado bastante nos últimos anos, muito em função da exposição pública dos ministros e do envolvimento do STF em decisões de forte impacto político”, analisa o sociólogo Arilton Freres, diretor do Instituto. “O dado mais preocupante é que praticamente metade da população declara não confiar na instância máxima do Judiciário.”

A desconfiança é maior na região Sul, onde 58,1% não confiam no STF, seguida pelo Sudeste (50,1%) e Norte/Centro-Oeste (50,6%). A região Nordeste apresentou o maior índice de confiança: 25,7% confiam muito e 26,8% confiam um pouco, com 41,7% declarando desconfiança.

Além de Judiciário, avaliação do Congresso também é negativa, diz pesquisa do Opinião

Quando questionados sobre o desempenho dos deputados federais, apenas 1,4% dos brasileiros classificaram como “ótimo” e 8,2% como “bom”. A maior parte dos entrevistados avaliou como “regular” (34,8%), enquanto 19,7% disseram que o desempenho é “ruim” e 30,1% o consideraram “péssimo”.

A percepção sobre o Senado Federal segue a mesma tendência: 1,6% classificaram o trabalho como “ótimo”, 7,7% como “bom” e 35,1% como “regular”. Já 18,2% consideraram o desempenho dos senadores “ruim”, e 29,9% o avaliaram como “péssimo”.

“Há uma clara crise de representatividade. A população sente que o Parlamento está distante de suas demandas cotidianas e pouco responsivo aos problemas sociais mais urgentes”, afirma Freres. “Além disso, muitas pessoas nem se lembram em quem votaram para o Senado e a Câmara Federal ou não levam em consideração a importância de eleger parlamentares do mesmo campo ideológico do candidato à Presidência. Isso contribui para a fragmentação política e dificulta a governabilidade.”

Perfil dos entrevistados

A pesquisa do Opinião foi realizada por telefone entre os dias 7 e 8 de abril de 2025 revela um cenário de desconfiança da população brasileira em relação às instituições do poder Judiciário e Legislativo. O levantamento ouviu 2 mil pessoas com mais de 16 anos em todo o país, com margem de erro de dois pontos percentuais e 95% de nível de confiança.
Segundo os dados, 49,1% dos entrevistados afirmaram que não confiam no trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 24,7% disseram confiar muito e 22,2% afirmaram confiar um pouco. Apenas 4% não souberam ou preferiram não opinar.

A amostra foi composta por 53% de mulheres e 47% de homens. Em relação à faixa etária, 24% dos entrevistados tinham entre 45 e 59 anos, enquanto os mais jovens, de 16 a 24 anos, representaram 14%. Quanto à escolaridade, 40% estudaram até o 9º ano, 42% completaram o ensino médio e 18% têm ensino superior.
A distribuição regional da amostra seguiu a proporção populacional: 42% dos entrevistados vivem no Sudeste, 28% no Nordeste, 15% no Sul e 15% nas regiões Norte e Centro-Oeste.

A renda familiar também foi considerada: 46% recebem até dois salários mínimos, 33% entre dois e cinco salários, e 21% mais de cinco salários mínimos.

Para Arilton Freres, os dados reforçam a necessidade de diálogo entre as instituições e a sociedade: “Mais do que números, esses resultados são um alerta. É fundamental que os poderes da República reconectem-se com a população, ampliem a transparência e fortaleçam os canais de escuta. Sem confiança pública, a democracia enfraquece.”

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