Pré-candidato, Beto Richa já elabora plano de governo e contrata equipe

Martha Feldens
pré-candidato Beto Richa do PSDB

Beto Richa (Crédito: Divulgação/Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Nesta sexta-feira (19) pela manhã, o deputado federal e pré-candidato do PSDB à prefeitura, Beto Richa, teve uma reunião na sede do partido, em Curitiba, com um grupo que ele chama de “boas cabeças” para pensar a cidade. Gente que fez parte de sua equipe na gestão municipal, entre 2005 e 2010, planejadores urbanos ligados ao Ippuc e especialistas de diferentes áreas, para começar a preparar um plano de governo. Além disso, já está em processo de contratação de profissionais de marketing eleitoral e de uma assessoria jurídica para sua futura campanha.

Para quem ainda duvida de sua disposição a concorrer no pleito municipal deste ano, ele avisa: “minha pré-candidatura é para valer, sim”. As condições para concorrer, com pouco tempo na propaganda eleitoral gratuita e menos recursos, não o assustam. “A gente faz campanha com as condições que tem”, diz. Hoje, o PSDB é federado com o Cidadania, mas Richa ainda não desistiu de buscar novas alianças para fortalecer sua candidatura.

“Eu não estava pensando em me candidatar a prefeito até ver as pesquisas que me colocam em empate técnico com outros três pré-candidatos”, conta ele. Ele se refere às candidaturas de Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB) e Ney Leprevost (União), que apareceram em mais de uma sondagem com números bastante próximos.

E quando chegar a hora de pedir votos e se colocar como opção aos eleitores, Richa acredita que leva vantagem em relação aos demais. “Pretendo falar do meu trabalho, do que já realizei e do meu conhecimento da cidade. E nesses atributos eu levo vantagem. Tenho as credenciais para assumir novos compromissos.”

Leia também: União Brasil confirma que Ney Leprevost é pré-candidato à prefeitura de Curitiba

Richa vê gargalo na área social na gestão Greca

Um dos apelos da futura campanha de Richa deve ser o compromisso com um trabalho forte na área social. “Acho que esse é um dos gargalos da atual gestão”, diz. A área social, na sua visão, contempla um conjunto de ações que passam por habitação popular, ônibus de qualidade, atendimento aos mais vulneráveis e programas de melhoria de qualidade de vida. Richa cita o reconhecimento que Curitiba teve do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) durante a sua gestão. “Com nossos programas, nós tivemos a maior redução de pobreza e miséria do Brasil”.

E para ajudá-lo a reforçar esse apelo social na futura campanha ele deve contar com a mulher, Fernanda Richa, que comandou essa área na prefeitura. Fernanda, que havia abandonado a vida política após as prisões do marido, em 2018 e 2019, nas operações Rádio Patrulha e Lava Jato, voltou a se filiar ao PSDB no começo do mês e está apta inclusive para ser eleita. “Ela ficou traumatizada, mas o tempo ajuda a amenizar. Está disposta a trabalhar comigo com a mesma intensidade”, garante Richa.

Todas as investigações contra Beto Richa em operações do Ministério Público do Paraná e da Operação Lava Jato acabaram arquivadas por determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Em seu despacho, o ministro escreveu: “se revela incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e defesa em detrimento de direitos fundamentais do ex-governador, como, por exemplo, o devido processo legal”.

Teve flerte com PL de Bolsonaro, mas seguiu pré-candidato pelo próprio PSDB

Se hoje Richa, como pré-candidato, está conformado com as condições que lhe dá o PSDB, em março ele chegou a cogitar a possibilidade de fazer uma aliança ou mesmo a se filiar ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Até encontros em Brasília com o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, e Bolsonaro, Richa teve. Mas houve reação do PSDB, que não iria permitir sua desfiliação com a manutenção do mandato, e dentro do próprio PL do Paraná, por parte do deputado estadual Ricardo Arruda, que pretendia ser o candidato do partido em Curitiba.

Para quem estranha essa aproximação com o PL, Richa responde que ele já tinha relações com as pessoas com quem tratou do assunto. “O Filipe Barros (atual líder da oposição na Câmara dos Deputados) foi do PSDB. O deputado Vermelho militou no PSDB desde os tempos do meu pai (José Richa, ex-governador, fundador do PSDB). O Giacobbo sempre me apoiou. E eu tenho uma excelente relação com o Valdemar da Costa Neto”.

Acabou prevalecendo o apelo do PSDB. Beto Richa teve um encontro com Aécio Neves, que lembrou a trajetória de José Richa, um dos fundadores do partido no grupo que incluía Mario Covas, José Serra e Fernando Henrique Cardoso. Disse que se Beto saísse do PSDB o partido sofreria um desmonte, insistindo na sua permanência. E ele acabou ficando no PSDB como pré-candidato em Curitiba.

E agora, diz Beto Richa, “tem muita gente vindo” para se somar novamente ao partido em torno de sua candidatura. E o PSDB tem, além de Curitiba, outros bons nomes concorrendo em cidades importantes, como Foz do Iguaçu, com Sâmis da Silva; Cascale, com Edgar Bueno; Ponta Grossa, com Jocelito Canto (que pode ser substituído pela filha); em Londrina, com Coronel Vila; e em Campo Mourão, com Douglas Fabrício. “Nós fatalmente iremos crescer”, garante.