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Alagamento no Centro de Curitiba (Franklin de Freitas)

E se as chuvas que destruíram o Rio Grande do Sul ocorressem no Paraná, será que as cidades estariam preparadas? Em meio à repercussão da tragédia gaúcha, o blog procurou os pré-candidatos à prefeitura de Curitiba para saber o que eles planejam para evitar que a cidade passe por uma situação de enchentes como do estado vizinho. Veja as respostas que já chegaram:

Beto Richa (PSDB): “É preciso continuar avançando no planejamento, na desocupação de áreas de risco, nos sistemas eficientes de drenagem”

“Curitiba é conhecida por ter, ao longo de várias administrações, tomado medidas de prevenção a enchentes, como as áreas de alagamento nos parques e o canal extravasor ao longo do rio Iguaçu. Não se pode pensar, no entanto, que está tudo pronto. A nova realidade climática, com eventos extremos mas previsíveis, nos mostra que é preciso continuar avançando, no planejamento, na desocupação de áreas de risco, nos sistemas eficientes de drenagem, na criação de reservas florestais às margens de rios e na redução na geração de lixo, entre outras obras e práticas.”

Eduardo Pimentel (PSD): “Grandes obras para reduzir a possibilidade de enchentes em caso de chuvas intensas”

Desde 2017, Curitiba está comprometida com ações que buscam mitigar o efeito das mudanças climáticas. São Iniciativas como a Pirâmide Solar de Curitiba, Bairro Novo da Caximba, Amigo dos Rios, 100 Mil Árvores, Reserva Hídrica do Futuro e os futuros Inter 2 e BRT elétricos, que também garantiram à capital o título de Cidade Mais Inteligente do Mundo 2023.

Por meio do Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima), nós estamos consolidando uma política climática que minimize esses efeitos. Somos uma cidade que valoriza e incentiva a intermodalidade no transporte urbano, a participação ativa do cidadão no seu deslocamento, o uso de energia limpa para veículos coletivos, ao mesmo tempo em que preservamos quase 13 milhões de metros quadrados de áreas preservadas.

Além disso, temos realizado grandes obras para reduzir a possibilidade de enchentes em caso de chuvas intensas. Ao todo são 30 obras de macrodrenagem, sendo que 16 delas foram iniciadas e concluídas em um ano (2018). Lembrando que no monitoramento e na resposta a eventos climáticos, fazemos um trabalho em sintonia com o governo do estado, atuando em conjunto e compartilhando informações entre Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e demais órgãos públicos.

Goura (PDT): “O enfrentamento climático na ordem do dia, no orçamento da cidade”

Primeiro, é  preciso ter o enfrentamento climático na ordem do dia, no orçamento da cidade. E uma política climática que envolva todos os setores da administração pública. Em especial, as questões ligadas às obras, ao sistema viário, ao meio ambiente como um todo. Nós precisamos tratar com urgência a questão das bacias hidrográficas, dos rios. Não basta esconder o problema, tapando os rios. Precisamos de soluções baseadas na natureza. Precisamos reconectar a cidade com a vida dos rios, e isso envolve a construção de parques lineares e uma política habitacional para que as pessoas em vulnerabilidade não vivam em áreas suscetíveis a alagamentos. 

A gente também precisa ter um olhar de muita participação, envolvendo pesquisadores das universidades, a Rede Curitiba Climática, que já têm um mapeamento das áreas mais fragilizadas. Um movimento de toda a sociedade, coordenado pela administração municipal, para que as chuvas intensas, extremas, causem o mínimo de danos para a população.Não há lugar para o negacionismo climático na administração pública. Que os eventos que estamos presenciando no Rio Grande do Sul possibilitem uma mudança de mentalidade. A gente vê políticos que apoiam o negacionismo, inclusive agora aqui nas eleições em Curitiba, temos pré-candidatos negacionistas.

Luciano Ducci (PSB): “Ações de prevenção, como desassoreamento de rios e mapeamento de áreas de risco”

“Infelizmente, o mundo está vivendo as consequências das mudanças climáticas e eventos como o que estamos testemunhando no Rio Grande do Sul são resultado disso. Portanto, a prevenção tem que ser uma preocupação do gestor.

No meu plano de governo, já tenho proposta para prevenir ou amenizar as consequências destes fenômenos. São cinco linhas gerais: diagnóstico de risco, readequação da defesa civil, ações de prevenção – como desassoreamento de rios e mapeamento das áreas de risco, planejamento para mitigação de danos, e, muito importante, ações ambientais específicas, como diminuição de emissão de carbono, aumento das áreas verdes, além de incentivos às construções que utilizem energia limpa.”

Maria Victória (PP): “Estimular a infraestrutura verde com pavimentos permeáveis nas obras”

O impacto das mudanças climáticas nas cidades deve estar no centro da construção das políticas de ocupação de solo, infraestrutura e preservação do meio ambiente de todos os gestores públicos. Já venho atuando na Assembleia em legislações alinhadas e que permeiam o tema como a Política Estadual do Hidrogênio Renovável, Incentivo à Economia Circular e a criação do Mercado de Créditos de Carbono.

Curitiba é um case internacional em relação às cheias dos rios, por conta da construção dos seus parques e de outras medidas adotadas ao longo das décadas. Acredito que temos que dar o passo seguinte com iniciativas inovadoras: estimular a infraestrutura verde com pavimentos permeáveis nas obras e corredores verdes ao longo dos rios e córregos, por exemplo. Avaliação das políticas de uso e ocupação do solo com know-how técnico-científico e participação social. Investir em tecnologia de monitoramento dos sistemas de drenagem para garantir um acompanhamento real e informações precisas aos gestores e para alertar à população.

Executar um grande trabalho de desocupação das áreas mais propensas a alagamentos. Capacitação constante para gestores de risco de resposta a desastres e para a Defesa Civil Municipal. E trabalhar o engajamento da sociedade curitibana a adotar práticas sustentáveis que auxiliem na preservação do meio ambiente da capital.

Ney Leprevost (União Brasil: “Fazer trabalho subterrâneo, que hoje a prefeitura não faz porque não é instagramável”

Jaime Lerner e Saul Raiz foram muito inteligentes. Lá atrás, quando Curitiba ainda era uma cidade inovadora, que tinha a capacidade de ousar, eles chamaram o Nicolau Klüppel e fizeram os parques, como o Parque Barigui. Esses parques não têm só a função de oferecer lazer para a população. Eles servem também para a contenção das enchentes, é a função prioritária desses parques.

Temos que devolver ao Ippuc o protagonismo que ele já teve no passado, temos que fazer parcerias com órgãos técnicos. Com o aquecimento global, cada vez nós teremos fenômenos climáticos mais intensos. Quando chover, vai chover mais. Quando ventar, vai ventar mais forte; quando fizer calor, será mais intenso. Curitiba precisa continuar plantando árvores. E precisa despoluir seus rios, e não só para evitar enchentes. mas também por uma questão de saúde pública, de garantir lazer para a população, diminuir doenças contagiosas e de tornar a cidade aquilo que ela já foi no passado: a capital ecológica do país.

Para conter as enchentes a gente precisa trabalhar com o desassoreamento de todos os rios da cidade. Precisamos desentupir as bocas de lobo. Tem muito trabalho subterrâneo para ser feito e a prefeitura não faz porque isso não é instagramável. Temos muito trabalho para fazer nas galerias pluviais. E nós temos que, com urgência, remover por bem, dando novas moradias populares, a população que está morando irregularmente na beira de rios.

Roberto Requião (Mobiliza): Medidas claras que garantam aos moradores dos bairros mais distantes o mesmo que recebem os dos bairros centrais”

“Quando prefeito, criei as Regionais do município em cima das bacias hidrográficas, para viabilizar a prevenção de cheias em toda a cidade. Quando prefeito, Jaime Lerner criou o Parque Barigui com essa finalidade. Foram medidas acertadas. É preciso tomar medidas claras, como essas. E que garantam que os moradores de bairros mais afastados tenham a mesma qualidade de vida que o município oferece aos moradores dos bairros mais centrais”.

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