Três vereadores e um deputado estadual formalizaram denúncias contra o deputado estadual Renato Freitas (PT), por causa do protesto de que ele participou, na quarta-feira à noite, no supermercado Muffato do bairro Portão, em Curitiba. Freitas e um grupo de familiares e amigos do jovem Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, que foi morto após ser perseguido por funcionários do supermercado e um segurança privado sob a suspeita de ter roubado chocolate e chiclete, estiveram no supermercado e fizeram um protesto que, segundo os que agora denunciam o deputado, atrapalhou e constrangeu clientes e funcionários do local.
O vereador Rodrigo Marcial, do Novo, protocolou requerimento à mesa diretora da Câmara Municipal de Curitiba pedindo que seja enviado ofício ao Ministério Público. Ele quer que o MP apure “a conduta do deputado estadual Renato Freitas (PT), que pode configurar o crime de sabotagem, previsto no artigo 202 do Código Penal”.
Rodrigo marcial diz que Renato Freitas “invadiu o estabelecimento de forma exaltada,
interrompendo o funcionamento do comércio, constrangendo funcionários e clientes,
e impedindo o curso normal do trabalho”. O vereador entende que a manifestação “extrapolou os limites do direito constitucional de reunião pacífica e revela um padrão de conduta “reiteradamente intimidadora” por parte do deputado estadual, que se utiliza de seu
cargo para esse tipo de prática reincidente.”
Outro vereador, Bruno Secco (PMB), denunciou Renato Freitas na Corregedoria da Assembleia Legislativa. Segundo ele, Renato Freitas cometeu possível quebra de decoro parlamentar “pela invasão de um supermercado de Curitiba, causando enorme tensão e constrangimento as pessoas.”
“Há fortes indícios de quebra de decoro parlamentar, o que pode acarretar em sua cassação. Como Vereador de Curitiba, é meu dever também garantir a integridade e o bem estar dos nossos cidadãos, por isso o denunciei na manhã desta sexta-feira (27) junto à Corregedoria e Conselho de Ética para que sejam tomadas providências cabíveis de forma rápida”, disse Bruno Secco.
Ainda houve pelo menos mais duas representações contra Freitas. Uma partiu do deputado Tito Barrichello (União) direcionada ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa. Outra, do vereador Guilherme Kilter (Novo), também direcionada à Assembleia, pedindo inclusive a cassação de Freitas, por “abuso de prerrogativas parlamentares, injúria, violência contra mulher, incitação à desordem e perturbação do trabalho.”
Renato Freitas fez um vídeo falando do protesto como resposta aos vereadores e ao deputado. “Estou aqui para elucidar algumas dúvidas e me defender de acusações que foram feitas, no sentido de que a gente desrespeitou o supermercado Muffato ou que a gente desrespeitou os trabalhadores ou as pessoas que estavam lá comprando. Isso não é verdade.Estão dizendo até mais: que eu agredi alguém lá. Enetão eu desafio a mostrar uma gravação que mostre que eu encoste em alguém. Jamais. Ah, mas gritou no mercado. Com certeza. falei, gritei, protestei. E disse: há um corpo no chão”. disse Renato Freitas no vídeo, publicado no Instagram.
Rodrigo foi morto após, supostamente, ser flagrado furtando chicletes e chocolate no supermercado na noite da última quinta (19). O jovem tinha emprego fixo em uma multinacional e morava com a mãe e quatro irmãos.
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