O PT do Paraná, a exemplo do diretório nacional e dos diretórios municipais, tem eleição neste domingo (6) para definir sua nova direção para um período de mais dois anos. O atual presidente estadual, deputado Arilson Chiorato, concorre à reeleição contra outros três postulantes: os deputados federais Tadeu Veneri e Zeca Dirceu e o dirigente sindical Hermes Leão. A disputa está acirrada e a eleição promete ser uma das mais concorridas dos últimos anos, com possível recorde de participação dos filiados. Caso nenhum dos concorrentes alcance 50% dos votos mais um, a eleição vai a segundo turno, marcado para o próximo dia 20.
Arilson Chiorato, atual presidente, tem tido sua gestão muito questionada pelos concorrentes. Principalmente depois das eleições municipais do ano passado, em que o partido elegeu apenas 3 prefeitos. Mas ele diz que o partido sempre teve disputa e está otimista com as chances de reeleição. “O PT sempre teve disputa. Não é só comigo. Nunca tem eleição com um candidato só. Acho que vamos ganhar a eleição e podemos, de repente, ter um resultado de primeiro turno”, previu.
Desta vez, Chiorato terá um concorrente do seu próprio campo político, o deputado Zeca Dirceu, como ele ligado ao CNB (Construindo um novo Brasil), campo majoritário no PT. “Um dos candidatos é do meu campo político, mas eu tenho muitas diferenças com ele em termos de pensar o partido, de como organizar, como fazer a informação, como fazer a comunicação, como ter postura política do partido”, reconheceu Chiorato.
O atual presidente cita para reforçar sua ideia de favoritismo os apoios de nomes importantes do PT. “Estou muito contente porque a adesão é muito grande à nossa campanha. Eu sou candidato de um time que envolve a Gleisi (Hoffmann, ministra das Relações Institucionais), o Ênio (Verri, presidente de Itapu), a deputada Ana Júlia, a deputada Luciana Rafagnin, o deputado Elton Welter, a deputada Lenir e grandes figuras como o vereador Angelo Vanhoni, vereadores de Londrina, o ex-deputado federal André Vargas, a ex-deputada Dra.Clair, a ex-deputada Selma Schons. Praticamente todos os ex-presidentes do PT que me antecederam estão na campanha comigo, exceto o Dr Rosinha, que tá com o professor Hermes. “, disse Chiorato ao blog.
Zeca Dirceu: “Estamos com problemas, e não são poucos”
Um dos maiores críticos da atual gestão do partido, o deputado federal Zeca Dirceu, tem mostrado suas divergências há bastante tempo. No ano passado, se colocou como pré-candidato à prefeitura de Curitiba, contrariando a direção regional e a nacional, que defendiam e acabaram aprovando a aliança com o PSB. Zeca Dirceu achava que era necessário um palanque para defesa do presidente Lula numa capital importante como Curitiba.
Em um manifesto dirigido aos filiados, ele deixa clara sua insatisfação sobretudo com o resultado eleitoral do ano passado. “Olhando para o Paraná, é inegável que o resultado das urnas foi ruim em todo o estado. Esta constatação deve nos colocar numa posição de enfrentamento da realidade. Estamos com problemas e não são poucos. Nosso partido perdeu as poucas prefeituras que tinha e permaneceu praticamente com o mesmo número de parlamentares nas câmaras municipais”, disse.
Agora, Zeca apresenta um relação com 13 motivos para elegê-lo presidente do PT:
“1 – O partido precisa de renovação e mudança
2 – Reeleição de Lula e ampliação da bancada de deputados em 2026, além da eleição de prefeitos e prefeitas e vereadores em 2028
3 – Mais de 2 mil assinaturas no manifesto Zeca Presidente
4 – Zeca é PT desde criancinha. Nasceu e cresceu dentro do partido
5 – Sabe liderar. Foi prefeito premiado e tem grande influência com lideranças de todo o estado.
6 – Fez excelente trabalho de articulação como líder do PT na Câmara dos Deputados
7 – Deputado atuante em todo o Paraná. Estará presente constantemente nos diretórios municipais.
8 – Mais participação de candidatos e candidatas, além dos mandatos, no critério de escolha da partilha do fundo eleitoral.
9 – Ampliação do diálogo com a militância e formação de novas lideranças
10 – Incentivo à diversidade. Participação de jovens, mulheres e negros.
11 – Potencialização da comunicação e prestação de contas constante aos filiados e filiadas.
12 – Zeca tem a confiança do presidente Lula
13 – Luta firma pelos trabalhadores e trabalhadoras”.
Tadeu Veneri: “Partido precisa se reafirmar como socialista/esquerda”
O deputado federal Tadeu Veneri vem de outro campo político, a Militância Socialista. Segundo ele, mais candidatos numa disputa, como agora, “demonstra que temos mais posições diferentes sobre a condução da política do partido.” Tadeu Veneri entende que “o partido precisa se reafirmar como socialista/esquerda. Outros acham que partido deve ir ao centro, e outros, mais à direita”.
“Também defendemos um partido mais presente nas lutas sociais, mais democrático, e que mude a política de aliança ampla para uma aliança programática com movimentos sociais e com partidos da esquerda. Já outros entendem que só a institucionalidade e uma aliança ampla bastam. Ou seja, as diversas candidaturas representam visões diferentes de um mesmo partido. E nós vamos lutar pela nossa visão”, disse.
Tadeu Veneri acha que nesse processo “o importante é o resultado do acúmulo de forças que envolvemos para colocar o partido em movimento, e não apenas o percentual de votos que cada um terá. Estamos dialogando pelo estado para levar nosso projeto de partido e disputando um espaço maior na direção também num possível segundo turno entre os candidatos à presidência”. Ele alerta para o fato de que é preciso que a militância vá votar. “Estes últimos dias dividem a eleição. Reforçamos que nossa militância vote, peça voto e fiscalize as eleições para termos um grande resultado no domingo”.
O deputado tem confiança na militância. “Além de nos alimentarmos de nosso projeto para ter um partido melhor, temos toda militância estadual que nunca para de lutar, seja no partido, seja nos movimentos em que atuam, sempre de cabeça erguida e com a responsabilidade de fazer deste momento não só uma disputa, mas uma forma de elevar o nível de entendimento da luta de classes que vivemos. Inclusive nossa militância estará no dia da eleição pedindo voto para nós e também participando ativamente do plebiscito popular pela taxação dos ricos, pela aprovação do imposto de renda para quem ganha até 5 salários e pelo fim da escala 6×1”, informou.
Hermes Leão: “PT precisa de um protagonismo maior no Paraná”
O professor Hermes Leão, que já foi presidente da APP Sindicato e também é ligado à ala mais à esquerda do PT, entende que o partido se encontra diante de um grande desafio. “Nós estamos completando 16 anos de governos neoliberais, com Beto Richa, Cida Borghetti e Ratinho Júnior, governos que aprofundaram privatizações do patrimônio público dos paranaenses e o Partido dos Trabalhadores, sendo o principal partido da esquerda do campo progressista aqui do Paraná, precisa de um protagonismo maior, um protagonismo que não tem apresentado. Por isso essa disputa tão acirrada do PT”, explica.
Para Hermes Leão, o partido está desafiado a “abrir um diálogo com o planejamento estratégico para enfrentar os desafios do estado do Paraná”, e também “contribuir para que a gente possa reeleger o presidente Lula em 2026, aumentando a votação do presidente aqui no Estado do Paraná”.
Ele também aposta na militância. “Como candidato, espero um resultado eleitoral positivo para a nossa campanha, uma campanha que tem conquistado bastante apoio da militância petista. Nós representamos um campo dentro do nosso partido. Temos a democracia socialista, que é a corrente da qual eu participo.Temos um outro agrupamento chamado DAP, que é Diálogo e Ação Petista. Temos também o grupo Base e Luta, que é um grupo ligado à economia solidária, ligado às lutas da igreja mais progressista e que está conosco”, conta.
Hermes Leão lembra que ele foi único candidato que participou de todos os debates regionais que foram propostos pela comissão organizadora das eleições internas do PT. O último foi no sábado, em Curitiba. “Estive em todas as regiões do Estado. E foi muito importante a gente encontrar toda uma militância que já tem uma trajetória, que já tem uma caminhada, mas também encontrar uma juventude que chega com muitos anseios de fortalecer um partido que possa responder às necessidades da maioria do povo paranaense. Então nós vamos para essa disputa de cabeça erguida, com bastante disposição, da gente continuar fortalecendo o PT do Paraná.”, conclui.
Como é o processo eleitoral no PT
Os 104 mil filiados ao PT do Paraná podem votar nas eleições deste domingo. O quórum eleitoral, porém, tem sido bastante baixo nas últimas eleições partidárias. Há dois anos, esteve pouco acima de 7 mil eleitores. Como o quórum exigido é de 25% dos que votaram na última eleição, o pleito de domingo não corre o menor risco. Ao contrário, a comissão eleitoral espera participação recorde de filiados.
Segundo Joaquim Câmara, integrante da COE (Comissão de Organização Eleitoral) do PT do Paraná, a eleição vai das 9h às 17h de domingo em todos os municípios. São mais de 300 municípios dos Paraná com diretório consolidado. Nos que têm apenas comissão provisória, a votação acontece apenas para a direção municipal. Nos demais, a votação é completa: direção nacional, estadual e municipal.
A apuração começa logo após o encerramento da votação. Mas como são usadas cédulas em papel, com votações para os três níveis de direção, o resultado não sai tão rápido como numa eleição normal, coordenada pela Justiça Eleitoral. A estimativa, segundo Joaquim Câmara, é que o resultado estadual deve ser conhecido até a madrugada de segunda-feira (7). A eleição nacional, lembra ele, tem uma apuração mais demorada, e é possível que o resultado só seja conhecido na terça ou quarta-feiras.
A comissão, segundo Joaquim Câmara, trabalha com a possibilidade forte de haver segundo turno na eleição estadual. Neste caso, no dia 20, domingo, duas semanas após o primeiro turno, será realizado o segundo turno.
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