
O requerimento apresentado na semana passada pela deputada Ana Júlia (PT) para que o deputado Ricardo Arruda (PL) perca seu lugar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por ter faltado 3 sessões seguidas do colegiado, conforme prevê o regimento da casa, acabou provocando uma grande discussão na Assembleia Legislativa na sessão desta segunda-feira (7) à tarde. Arruda deu entrevista aos jornalistas que cobrem o Legislativo e usou o pequeno expediente para se defender e acabou criticando até a forma de se vestir de Ana Júlia. A deputada reagiu com veemência e acusou o colega de violência política de gênero.
“Amanhã eu vou falar do que a deputada Ana Júlia notificou, que eu faltei quatro sessões e que eu tenho que perder minha cadeira na CCJ. Infelizmente ela falou sem informação nenhuma. Mas ela continua achando que deve ainda estar no Diretório Acadêmico da universidade. Pelo jeito que fala, pelo jeito que age. Eu acho que tem que ter maturidade. Se ela estivesse preocupada com a CCJ, no dia em que o deputado Renato Freitas agrediu um funcionário aqui, ela deveria ter se manifestado por quebra de decoro. E ficou quietinha. São dois pesos e duas medidas. Ele agem para perseguir sempre um deputado de direita. É contra o deputado conservador, de direita, que é bolsonarista. É a única explicação lógica e plausível. Ela apresentou o requerimento, nós protocolamos a resposta e tudo será resolvido”, prometeu.
Pouco antes, em entrevista na sala de imprensa, Arruda havia dito que o requerimento de Ana Júlia “Não tem nem pé nem cabeça. É uma coisa infantil. Essa deputada continua achando que está no Diretório Acadêmico. Até pela roupa e pela fala”, disse o deputado do PL. Ele justificou que faltou a uma das reuniões por questão de saúde e que todas foram justificadas com antecedência e o suplente assumiu a vaga. Ana Júlia, disse, porém, que o suplente não foi às reuniões da CCJ.
Ana Júlia foi à tribuna mais tarde. “Vim aqui hoje para falar sobre a violência política de gênero e sobre as violências que as mulheres sofrem na política. Há alguns dias na reunião da CCJ eu li o regimento da casa e pedi o afastamento do deputado Ricardo Arruda. Esse, que não conhece o regimento, veio hoje na tribuna e na entrevista aos jornalistas tentar me desmoralizar, me humilhar, dizendo que eu não sei o que estou fazendo aqui, que não sei ler o regimento, porque sou uma deputada de primeiro mandato, jovem, porque pela forma que eu falo ou que eu me visto dá pra ver que eu não sei o que estou fazendo aqui. Eu não sei qual é o grande problema com as minhas roupas”, disse Ana Júlia
Entre outras coisas, ela pediu providências da Bancada Feminina na Casa e cobrou do presidente da Assembleia Alexandre Curi uma resposta ao seu requerimento. A deputada Mabel Canto (PSDB), líder da Bancada Feminina, criticou as declarações de Ricardo Arruda: “Não acho que ele tem propriedade de falar sobre a questão da vestimenta de uma deputada aqui dentro. Acho que todos podem ver o quão apropriada a deputada Ana Júlia está. E mesmo que não estivesse, ela é uma mulher, que pode vestir aquilo que ela deseja. Eu acho que esta Assembleia, que tem trabalhado tanto pelas mulheres, não pode ter esse tipo de comportamento em relação às deputadas”.
Já o presidente Alexandre Curi explicou que o requerimento de Ana Júlia havia sido protocolado após o horário na quarta-feira passada e que estava entrando em pauta hoje. E avisou que dará espaço ao contraditório.
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