
O presidente Lula (PT) acabou não participando do ato de assinatura dos contratos de concessão, via cobrança de pedágio, dos lotes 3 e 6 do Paraná, e o protagonismo do evento no Palácio do Planalto, em Brasília, acabou ficando para o governador Ratinho Júnior (PSD). Os ministros Renan Filho (PDB), dos Transportes, e Gleisi Hoffmann (PT), assinaram pelo governo federal no ato com as concessionárias que arremataram os dois lotes: CCR S/A (lote 3) e EPR (lote 6).
Com vigência de 30 anos, os contratos de pedágio assinados entre o governo federal e as concessionárias, com aval de Ratinho Junior, preveem investimentos significativos por parte das concessionárias vencedoras: a CCR S/A será responsável por R$ 16 bilhões no Lote 3 e a EPR vai aplicar R$ 20 bilhões no Lote 6, totalizando R$ 36 bilhões em melhorias e manutenção. Em setembro deste ano, outros dois lotes de rodovias paranaenses (4 E 5) irão a leilão. O lote 3 tem rodovias que ligam a região Norte do Estado ao eixo rodoviário da BR-277, chegando até o Porto de Paranaguá. São 569 quilômetros de estradas abrangendo 22 cidades. O lote 6 engloba 662 quilômetros de estradas das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, completa todo o eixo da BR-277, desde a fronteira com o Paraguai e a Argentina, até o Porto de Paranaguá, contemplando alguns dos mais importantes polos produtivos do Estado.
Ratinho aproveitou a assinatura dos contratos do pedágio para falar do momento econômico que vive o Paraná. “O Banco Central divulgou na sexta-feira os dados das atividades econômicas da maioria dos estados. O Paraná apareceu em primeiro lugar pelo segundo ano consecutivo. O Paraná teve um percentual de 8.2% de crescimento. O do ano passado tinha sido 7.4%.”, lembrou ele.
Segundo o governador, o desempenho não é fruto do acaso. “Esse crescimento que está acontecendo no estado foi fruto de um grande planejamento que começou em 2019. Através da vocação do Paraná, nós começamos a nos dedicar para que nos consolidássemos em duas áreas importantes. Primeiro, transformar o Paraná num supermercado do mundo. O Brasil já é um grande produtor de alimentos, mas ainda tem o extrativismo agrícola. Nós, no Paraná, resolvemos fazer a industrialização desses alimentos, colocando o estado como o supermercado do mundo. A ponto do nosso crescimento na agricultura chegar a 25% ao ano”.
Além disso, ele citou a outra vocação. “E a segunda vocação que nós trabalhamos, coordenada pelo secretário Sandro Alex, pelo Furiatti (Fernando Furiatti, presidente do DER), foi consolidar o Paraná como uma central logística da América do Sul. E por que isso? Porque geograficamente o Paraná está no centro, num raio de 2 mil quilômetros, de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) da América do Sul. Somos a ligação do sul com o sudeste brasileiro, que é o maior mercado consumidor. Somos a ligação do sul com o centro-oeste brasileiro, que é uma das regiões que mais vem crescendo no Brasil. Fazemos a ligação das duas regiões com o sul. E fazemos a ligação com o Paraguai e a Argentina por termos fronteira com esses dois países irmãos.”
Faz parte do esforço, segundo Ratinho, a melhoria dos portos. “Com esse planejamento, nós passamos a organizar o nosso Porto de Paranaguá, que passou a ser por cinco vezes o porto mais eficiente do Brasil, de forma consecutiva, com os maiores investimentos em portos no Brasil na atualidade”, disse.
Com isso, segundo o governador, era preciso reforçar infraestrutura de transporte. “E fizemos uma proposta ao governo federal, de juntar as rodovias estaduais com as rodovias federais, algo inédito no Brasil, para que essas concessões pudessem ser levadas juntas para o setor privado e que a gente pudesse buscar mais investidores, que tivessem condições de aguentar um investimento robusto. E esses seis lotes, que nós fizemos junto com as secretarias e o nosso time, e junto com o time do Ministério dos Transportes, fizeram com que a gente criasse o maior pacote de concessão rodoviária da América Latina. Dos Estados Unidos para baixo, não tem nada igual na América Latina. São 3,3 mil quilômetros de rodovias concedidas. São 1,8 mil quilômetros de rodovias duplicadas; mais de mil pontes e viadutos. É mais ou menos o tamanho do projeto que nós estamos botando de pé,” reforçou.
Ratinho lembrou dos altos investimentos que acontecerão a partir desses novos contratos. “Dois lotes acontecendo e hoje, com muita alegria, colocando a assinatura dos ministros e do nosso governo, assinando mais dois contratos que vão ter de investimentos em torno de R$ 36 bilhões em seis anos. E com um detalhe: sendo feito na Bolsa de Valores de forma transparente, com diminuição de tarifa e com obra começando já nos primeiros 100 dias – manutenções, investimento em sinalização – e também um cronograma muito rápido de grandes obras nestes dois pontos.!
O governador Ratinho Junior ainda lembrou do passado recente do estado com a questão da concessão e do pedágio. “O Paraná tinha trauma de concessão. Porque as concessões não foram sadias, não foram justas, não foram honestas com a população. E hoje nós estamos entregando algo transparente, com muita obra, preço justo e com desconto. Obrigado, ministro, em meu nome leve meu agradecimento ao presidente Lula que não pôde estar presente. A gente demonstra ao Brasil que, com o objetivo comum de ajudar a população, os governo, os atores políticos e os técnicos têm que sentar na mesma mesa para buscar a boa solução que é demonstrada no dia de hoje.”, finalizou.
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