
Em um país onde o hábito da leitura ainda enfrenta desafios, uma jovem curitibana mostra que o amor pelos livros pode florescer desde cedo e transformar vidas. Com apenas 14 anos, Maria Gabriela Ribeiro, ou simplesmente Mabi Ribeiro, já tem três livros publicados e se prepara para lançar o quarto por meio de financiamento coletivo.
A data não poderia ser mais simbólica: nesta quarta-feira (23), é celebrado o Dia Mundial do Livro e da Biblioteca, e a trajetória de Mabi é um verdadeiro convite à leitura — e à escrita.
Um amor precoce pelas palavras
Mabi é estudante de escola pública e começou a se encantar pelas histórias ainda muito pequena. Frequentadora assídua do Farol do Saber Vinícius de Moraes, no bairro onde mora, ela se lembra com carinho do lugar onde pegava livros emprestados e passava tardes mergulhada em outros mundos. “Sempre fui apaixonada por histórias. Desde que aprendi a ler, passava horas na biblioteca. Escrever meu primeiro livro foi como dar vida às aventuras que eu queria viver”, conta a jovem escritora.
Com apenas 13 anos, ela publicou “Caçadores de Fênix: Passado e Presente”, uma fantasia que narra a jornada de Cristal, uma jovem que descobre ser herdeira de um reino mágico onde o português é proibido e a magia, viva. “Me inspirei em temas como resistência, identidade e pertencimento. Queria falar sobre encontrar o próprio lugar no mundo, mesmo quando o mundo é completamente novo”.
Uma escritora em casa
O talento de Mabi não passou despercebido dentro da própria casa. Com o apoio constante dos pais e da irmã mais velha, ela deu continuidade à sua jornada literária, publicando também os livros “Diamantes de Beladona” e “Fragmentos Para Um Fim”. Nessas obras, a jovem autora mergulha em temas como opressão, renascimento, crises existenciais e jogos de poder, sempre com um olhar sensível e criativo.
“Sempre incentivamos a leitura em casa. Quando ela disse que queria publicar um livro, a gente sabia que precisava apoiar. É emocionante ver o quanto ela leva isso a sério”, conta o pai de Mabi, Carlos Alberto da Costa Ribeiro.
O esforço e a dedicação da adolescente renderam frutos: com sua primeira obra, Mabi foi finalista do Prêmio Literário Capivara 2024. Mas, para a sua mãe, o reconhecimento mais valioso vai além da premiação. “Ver nossa filha entre os finalistas de um prêmio foi uma alegria imensa. Mas o mais bonito é ver o quanto ela inspira outras crianças e adolescentes a sonharem com a escrita”, afirma a mãe, Meire Pigarri Ribeiro.
Outra figura essencial nessa trajetória é a irmã mais velha de Mabi, que é jornalista e sempre incentivou a escrita da jovem desde os primeiros rabiscos. “Minha irmã sempre acreditou em mim. Quando eu tinha dúvidas ou achava que ninguém ia ler meus textos, era ela quem me lembrava do quanto escrever me fazia feliz. Ter esse apoio dentro de casa fez toda a diferença”, destaca Mabi.
“A Mabi tem uma sensibilidade rara, e desde pequena era encantada com histórias. Sempre que ela me mostrava algo que escrevia, eu ficava surpresa com a maturidade das ideias. Eu só tentei mostrar pra ela que a escrita dela merecia o mundo”, explica a irmã da autora, Karla Mirela Brook .
Livros que nasceram da imaginação — e do coração
As obras de Mabi não são apenas entretenimento. Elas trazem temas profundos, tratados com a sensibilidade de quem vive intensamente cada palavra. Enquanto os dois primeiros livros mergulham no universo da fantasia, o terceiro, “Fragmentos Para Um Fim”, traz uma narrativa poética e existencial, em forma de miniconto.
Agora, Mabi se prepara para lançar o quarto livro: “Legados de Máscaras”, a história de Charlotte Montenegro, uma jovem que retorna ao vinhedo da família e se vê envolvida em bailes misteriosos, tradições ocultas e o peso de um legado que nunca pediu.
A publicação da obra está sendo viabilizada por meio de financiamento coletivo na plataforma Catarse. Os interessados podem apoiar o projeto e garantir o livro antecipadamente pelo link: https://www.catarse.me/legados_de_mascaras_mabi_ribeiro?ref=user_contributed
“Esse livro é sobre heranças, escolhas e máscaras — tanto as que usamos quanto as que colocam na gente. Foi o mais difícil de escrever até agora, mas também o mais pessoal”, relata a escritora.
De leitora a autora: a menina que voltou à biblioteca como escritora
Um detalhe simbólico dá um charme a mais à história de Mabi: os três livros já publicados estão disponíveis no acervo do Farol do Saber Vinícius de Moraes, em Curitiba, o mesmo onde ela aprendeu a amar os livros.
“Voltar lá e ver meus livros na estante foi surreal. É como fechar um ciclo e começar outro, ainda mais bonito”, finaliza a jovem autora.
via assessoria