As duas delegacias de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, não vão mais existir como os 250 mil habitantes locais as conhecem. O motivo é uma mudança de endereço e de conceito. Elas vão se fundir em uma única Delegacia Cidadã, na Avenida Colombo, no Alto Maracanã, a poucas quadras da Estrada da Ribeira. O investimento dessa transformação, aguardada há muitos anos, é de R$ 3,6 milhões e a previsão de entrega definitiva é no primeiro semestre de 2021.
A estrutura vai ter foco apenas no atendimento à população e trará três grandes benefícios definitivos para a Polícia Civil: unificação das estruturas de atendimento e investigação, o que facilitará a troca de informações entre os delegados e investigadores e o andamento dos inquéritos; um ponto final na sobrecarga dos servidores dessas unidades, acostumados a rotinas intensas em defesa da população em regiões com índices históricos de vulnerabilidade social; e o fim da custódia de presos.
“Essa Delegacia Cidadã é fruto de um esforço continuado do Governo do Estado em espaços mais dignos, amplos, arejados e modernos para atendimento na segurança pública, com benefícios para os servidores e para a população”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Colombo é um município muito importante para a Região Metropolitana de Curitiba e que ainda tinha esse desequilíbrio. Estamos quitando uma dívida histórica do Estado”.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, a obra será entregue em um bom momento porque acompanha a redução nos índices de violência em Colombo e no Estado. Em 2019, houve queda de 29% nos homicídios do município e de 9,8% no Paraná, por exemplo. Ele destaca o fim do trabalho de agente carcerário por parte dos policiais civis, resolvendo uma distorção que se avoluma há alguns anos com o aumento das prisões.
“Estamos investindo em treinamento, equipamentos, preparação e novas estruturas para a segurança pública. Esse conjunto dá resultado porque aproxima as polícias da população”, afirma o secretário. “Em Colombo haverá separação definitiva entre o trabalho da Polícia Civil e o do Depen. A nova estrutura vai focar exclusivamente em atender a população”.
A área do novo terreno tem 1,2 mil metros quadrados. O prédio é uma Delegacia Cidadã do tipo II, com dois pavimentos. É uma estrutura com fachada de vidro, grandes corredores separando as salas de atendimento e os despachos internos, além de uma pequena carceragem. A obra está em reta final, com mais 80% dos trabalhos concluídos – faltam pintura, acabamentos nos pisos e nos forros, instalações elétricas, concretagens na carceragem e colocação de portas e janelas internas.
MUDANÇAS – O ganho para a cidade será imensurável. A diferença é da “água para o vinho”, do “improviso para o essencial”, ou da repartição do Lineu (A Grande Família) para um seriado dos anos 2020, nas palavras de um delegado.
Haverá economia de quase R$ 10 mil mensais com o aluguel da Delegacia do Alto Maracanã, que funciona em um imóvel locado em uma das regiões mais humildes do município. O prédio da delegacia-sede de Colombo, perto da Rodovia da Uva, é próprio, mas também acanhado. Ele abriga 100 presos e será repassado ao Departamento Penitenciário depois de receber melhorias de infraestrutura nas celas.
As duas atuais estruturas estão separadas por uma distância de 12,5 quilômetros e atualmente o fluxo é mais ou menos assim: flagrantes são realizados no Alto Maracanã, mas a custódia é responsabilidade da sede, além de todo o trabalho diário de atendimento à população nas duas unidades.
No Alto Maracanã a sala de espera é um espaço com dois bancos e um telhadinho e, quando lota, as pessoas são obrigadas a aguardar em uma outra área sem cobertura, sem proteção da poeira ou da chuva. E o movimento do local é intenso, maior do que em subdivisões policiais, e atrás de apenas outras cinco delegacias do Estado. Essa delegacia conta com um delegado, dois escrivães e 12 investigadores.
“Neste ano já realizamos 824 autos de prisão em flagrante e 2.466 procedimentos como um todo, que envolvem inquéritos, depoimentos. É uma região com muitos crimes ligados à Lei Maria da Penha, tráfico, furto e roubo. Ou seja, movimento muito intenso. Tentamos algumas reformas, alguns ajustes, mas não é possível transformar o atendimento nesse prédio”, afirma o delegado do Alto Maracanã, Herculano Augusto de Abreu. “Com a mudança encerramos definitivamente essa história”.
A delegacia-sede fica na região da Justiça do Trabalho e não recebe flagrantes da Polícia Militar, mas também atende grande demanda de casos de desobediência a ordens judiciais, Maria da Penha e violência urbana. Ela possui uma carceragem com 100 presos. Eles aguardam vaga no sistema penitenciário de Piraquara, Araucária ou São José dos Pinhais.
“Temos um trabalho intenso de investigação e de colaboração com a sociedade. Unificar vai trazer como principal resultado positivo o fim da custódia de presos, que ficarão com o Depen definitivamente. Com os presos ali ainda somos responsáveis pela custódia, por auxiliar nas movimentações”, afirma o delegado Irineu Portes.
Segundo ele, apesar da nova estrutura no Alto Maracanã, é possível que a Polícia Civil ainda tenha um posto de atendimento perto da Rodovia da Uva, facilitando o acesso dos moradores daquela região aos serviços.