A fisioterapeuta Juliana Maria Karas, moradora em Araucária, trabalha no CECC e também em uma UTI Covid em Curitiba desde o início da pandemia. Ela explicou que a desejo de ser voluntária veio após uma conversa com um médico amigo que conheceu no CECC. “Eu estou na linha de frente desde o início da pandemia, sem vacina e trabalhando duro todas as noites e dias em salvar vidas”, comentou. Juliana não sabia até então, mas, em julho de 2020, fez parte do grupo de teste que recebeu um placebo (preparação sem efeito). Somente com a revelação sobre o grupo a qual fez parte no teste, em 21 de janeiro de 2021, é que ela recebeu a vacina Coronavac/Butantan. “Se ela é 100%, 90%, 80% ou 30% eficaz, não importa. O importante é que a vacina vem para reduzir as mortes em massa pelos doentes que contraem a doença. Viva o SUS, viva a Saúde! Estou muito feliz, uma emoção que não consigo descrever. Mas digo: acredite em Deus, tenha fé e esperança que dias melhores estão chegando”, declarou.
Outra profissional de saúde que trabalha no CECC e que fez parte do grupo que recebeu placebo foi Sirlei Pereira da Silva, enfermeira, mas concursada como auxiliar de enfermagem. Ela conta que soube do estudo e buscou informações para se inscrever como voluntária. Segundo ela, a sua participação resultou em uma “sensação de contribuição com a ciência”. “Recebi placebo e não fiquei surpresa, já que o placebo fazia parte do estudo. Os estudos apontam uma margem de segurança [da vacina] acima do esperado. Gratidão pela ciência. Esperança pela cura/vida”, afirmou. Como foi voluntária no estudo, ela também já recebeu a vacina da Coronavac logo após saber que era do grupo de placebo.
PROTEÇÃO CONTRA COMPLICAÇÕES – O fisioterapeuta Júlio Celestino Pedron Romani descobriu esses dias que teve a sorte de cair no grupo que foi vacinado pela Coronavac, já em 18 de agosto de 2020. Ele conta que soube que precisavam de voluntários para o estudo pela imprensa e colegas de trabalho. “Fiquei ‘antenado’. Achei que seria uma forma interessante de contribuição”, avaliou. Júlio destacou que foi voluntário em algumas análises na área de fisioterapia, mas num estudo dessa magnitude foi a 1ª vez. “Eu tinha, teoricamente, 50% de chance de receber a vacina, mas é um estudo cego, então você não sabe [o que recebeu]. Procurei não mudar nada do cuidado que eu tinha anteriormente [sobre medidas de prevenção à Covid-19]”.
A sua história ganhou novo capítulo em novembro de 2020, quando Júlio recebeu o diagnóstico positivo para Covid-19 e teve sintomas de “moderado para leve”, como definiu. Em consulta de retorno sobre o estudo, chegou a relatar à médica que provavelmente teria recebido placebo, já que teve a infecção. Ao avaliar os detalhes do seu quadro de saúde, a médica cogitou que ele pudesse ter recebido a vacina e que, na verdade, ela o protegeu da forma mais grave da doença. “Nesse momento, eu derramei lágrimas junto à médica. Porque eu percebi que eu teria sofrido muito se eu não tivesse recebido a vacina. Provavelmente eu teria uma forma grave, teria sido um curso bem diferente e talvez não estaria aqui para contar a história”, revelou.
O relato do fisioterapeuta permite reforçar uma explicação necessária: a vacina não necessariamente evita a doença em todas as pessoas; mas a vacina evita a complicação que pode resultar internamento e morte. Neste caso, é uma situação semelhante ao que já ocorria, por exemplo, com a vacina contra a gripe, que também tem como foco impedir situações de agravamento. “Certamente, muitas vidas serão poupadas com essa vacina”, comemora o fisioterapeuta.