Filha única de um casal de Pastor Belga Malinois, a Flecha nasceu com a missão de atuar como um cão da Polícia Militar. Desafio cumprido durante os seus oito anos de trabalho em Curitiba, Região Metropolitana e Campo Mourão. Ela surpreendeu desde filhote por sua inteligência e facilidade de aprendizado. Recebeu o nome por ser considerada muito rápida. Batizada pelo Ten. Duarte, policial responsável por seu adestramento. Começava ali uma parceria de trabalho e convivência por cerca de seis anos. Com algumas interrupções, mas nada que fizesse a dupla se distanciar, principalmente no início e fim da vida da cachorra. Na foto, Flecha posa na frente do Memorial de Cães Heróis onde inspirou a imagem no mosaico do painel, no Pet World.
Flecha era um cão de duplo emprego, com aptidão para faro de entorpecentes e de atuação no rádio patrulhamento em grandes eventos. A perda de um olho no início da vida e a má formação de uma pata não foram empecilhos para se tornar uma excelente policial. Uma mordida da mãe durante a amamentação a fez perder o olho. O Ten. Duarte foi responsável por ensiná-la e a acompanhou até o início dos estudos na Academia de Oficiais. Flecha seguiu sua função sob o comando, em diferentes épocas, do Sold. F. Oliveira e Sold. Quadros. Mas o seu primeiro parceiro a acompanhava a distância. Após a conclusão do curso, que teve duração de três anos, o Ten. Duarte conseguiu autorização para levar a cachorra para o 11º Batalhão da PM, em Campo Mourão, onde teve a missão de reativar o canil. E onde ela foi fundamental pra treinar outros cães e auxiliar os policiais a aprenderem sobre o adestramento.
A primeira apreensão foi marcante. Flecha encontrou uma grande quantidade de drogas em um fundo falso de um armário, na RMC, conduzida pelo Sold. F. Oliveira. Ela acertou o local, apesar de não haver nenhuma evidência. Seu faro mais uma vez se mostrou infalível. Um outro momento de destaque na sua trajetória policial foi impedir uma fuga em uma delegacia de Campo Mourão. Acompanhada do Ten. Duarte e de outros poucos policiais militares para conter cerca de 200 presos, que preparavam uma fuga após terem serrado as grades das celas. A Flecha impôs o respeito, sendo fundamental para o deslocamento do grupo de suas celas sob escolta, o que permitiu fazer a manutenção nas grades.
A cachorra também participava de apresentações em escolas e Apaes, o que permitiu a aproximação da polícia com a comunidade. Ao mesmo tempo que no trabalho nas ruas ela poderia causar medo pelo seu comportamento em ação, Flecha era uma cachorra dócil e brincalhona. E a convivência com as crianças mostrava isso. Segundo o Ten. Duarte, a convivência com a Flecha o humanizou mais do que a proximidade com outras pessoas, principalmente pela rotina pesada e desgastante das ruas, que a função de policial exige.
Flecha se aposentou aos oito anos de idade, faixa etária que a maioria dos cães da PM deixa a atuação profissional. Na sua aposentadoria, que durou cerca de um ano e meio, ela pode conviver novamente com o Ten. Duarte, que a levou para o 17º Batalhão, em São José dos Pinhais, onde foi feito um canil especialmente para recebê-la. E nesse período em que ela aproveitou a merecida aposentadoria, dividia o seu tempo brincando, correndo, e tendo a atenção e o carinho de outros policiais. Flecha se foi recentemente, em outubro. Foi encontrada sem vida, provavelmente por um problema cardíaco. Agora descansa no lindo jardim do Pet World, após a última homenagem feita pelo Ten. Duarte, seu mais constante parceiro de vida e de trabalho.