Aproveitamos que o inverno já chegou para saber mais sobre a gripe nos pets e sobre a vacinação.
Quem responde a todas as dúvidas é a dra. Maysa Pellizaro, professora de Medicina Veterinária da Universidade Positivo (UP).
Papo Pet: Seja bem-vinda ao Papo Pet, doutora. Primeiro, gostaria de saber sobre a chamada gripe canina?
Maysa Pellizaro: Popularmente chamada de gripe canina, a tosse dos canis é causada por uma bactéria chamada Bordetella bronchiseptica, e causa sinais respiratórios similares aos da influenza humana. É por isso recebe esse nome, que não seria o mais adequado. É altamente contagiosa e está associada a aglomeração de cães em canis e abrigos e por isso recebe o popular nome de tosse dos canis. Geralmente, um animal infectado convivendo muito próximo a outros, dividindo utensílios, acaba transmitindo pelas secreções nasais.
PP: Quais são os sintomas?
MP: O sinal clássico é uma tosse recorrente, que surge repentinamente. O animal pode ter engasgos ou ânsia de vômito e pode envolver espuma que parece vômito. Essa tosse geralmente piora com exercício e pode irritar as vias aéreas. Outros sinais são espirros e corrimento nasal ou nos olhos. Para a maioria dos cães, a doença é leve e se recuperam totalmente em 7 a dez dias. No entanto, a capacidade do organismo do cão para combater a doença pode ser ineficiente e alguns podem apresentar sinais mais graves, evoluindo até para pneumonia bacteriana, que precisa de intervenção veterinária imediata. Essa doença pode acometer gatos, mas não tão comumente como em cães.
PP: E as vacinas para a tosse canina?
MP: As vacinas para tosse dos canis reduzem a chance de os cães ficarem doentes, mas também os tornam menos propensos a desenvolverem as formas graves ou espalharem a infecção para outros cães. A associação de veterinários norte-americana (American Animal Hospital Association), que produz guias de vacinação utilizadas como referência ao redor do mundo, incluindo o Brasil, recomenda a vacinação contra Bordetella bronchiseptica apenas para animais que estão sob maior risco. Esse critério deve ser discutido com o médico veterinário de confiança, mas importante considerar a exposição do cão a outros cães, aglomeração e dados de ocorrência local. Não existe uma recomendação específica de quando administrar a vacina, mas é importante levar em consideração o período que o animal estará sob maior risco e aplicar a vacina com antecedência para garantir a proteção.
PP: É mais de uma vacina?
MP: Existem dois tipos de vacina para tosse dos canis, uma intra-nasal e outra injetável. A dose inicial precisa ser acompanhada do reforço em um mês, aproximadamente; posteriormente, recomenda-se a revacinação anual, se o animal estiver exposto ao risco.
PP: Custa caro?
MP: Em relação aos custos dessa vacina, dependerá de qual tipo escolhido. Importante ressaltar que a aplicação é atribuição exclusiva de médicos veterinários, que avaliarão o estado de saúde do animal e a necessidade antes de decidir pela aplicação de qualquer vacina. Esse serviço está embutido nos custos da aplicação das vacinas e garante a administração correta e ética do produto.
PP: E a influenza? Ela é diferente?
Maysa Pellizaro: Ela é uma doença respiratória infecciosa aguda causada em animais por vírus influenza tipo B. Os principais tipos que acometem cães são o H3N8 que circula nos Estados Unidos de modo endêmico e a variação H3N2, relatado principalmente em cães dos Estados Unidos, Europa e Ásia, mas que já causou surtos em populações de gatos na em algumas regiões da Ásia.
PP: Quais são os sintomas?
MP: Os sinais clínicos geralmente são leves, embora, em alguns casos, a infecção pode tornar-se grave. São sinais comuns como espirros, tosse, secreção nasal e, eventualmente perda de apetite, que podem durar pouco tempo, não ultrapassando os dez dias. O principal motivo de piora no quadro clínico é a associação de bactérias, que invadem o pulmão, causando pneumonia.
PP: Como os tutores podem prevenir?
MP: A principal maneira de prevenir que a gripe se espalhe entre pets é isolar os animais doentes até que os sinais clínicos desapareçam. As vacinas para influenza não são recomendadas para uso na rotina dos animais, apenas em locais onde há alto risco de infecção e aglomeração de cães, e atualmente não existe comercialização no Brasil.