Por Cláudia Ribeiro, colaboração para o blog Papo Pet
As palavras do título foram ditas por Ana Paula Okamoto, que desde pequena dizia para si mesma que, “quando crescesse iria estudar para ter dinheiro, comprar uma chácara e enchê-la de cachorros”. Como se costuma dizer por aí “as palavras têm poder”. Desde 2018, essa advogada, até então voluntária no “Beco da Esperança”, ong que atua no acolhimento de cães e gatos de Curitiba, percebeu que o local não tinha estrutura suficiente para abrigar os cães.
Inspirada no projeto de apadrinhamento “Afilhados do Beco”, ela logo teve a ideia de alugar uma chácara no município de Araucária, região de Curitiba, com o apoio do amigo e também advogado Eduardo Saldanha, para onde levou os primeiros moradores.
Surgia o projeto “Apadrinhamento Canino”.
“Começamos a construir os canis, praticamente todos com recursos próprios. Meu marido Ricardo Okamoto e eu. Ele embarcou no meu sonho”, conta. “Construí 13 canis, em princípio, de acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina Veterinária, onde é previsto que cada animal precisa ocupar um espaço de seis metros quadrados, no mínimo”, acrescenta.
Na época, Ana Paula acolhia 97 cães, a maioria idosos e doentes. Foram nove meses de trabalho para restabelecer a saúde deles e torná-los aptos para adoção. Para isso, ela contou e ainda conta com a parceria da médica veterinária Janayna Maske, dona da clínica Vital Care.
Para proporcionar bem estar aos cachorros, Ana Paula faz de um tudo: rifas, bazares, e sempre com a ideia inicial de, além de encaminhá-los para doação, que voluntários se interessassem pelo apadrinhamento. “A chácara é um lugar muito gostoso, onde o padrinho pode passar o dia, ou, se preferir, pode levar o pet pra casa no fim de semana, contribuir financeiramente ou com ração, remédios e exames quando precisar”, explica.
Ana Paula é professora de direito civil da Unifacear, universidade com um campus em Araucária, outro em Curitiba e um terceiro em Fazenda Rio Grande, e parceira do projeto, em um convênio onde os alunos de todos os cursos podem participar das atividades da ong, de forma voluntária, complementando a formação humanística dos acadêmicos
Atualmente, a ong está com 60 cachorros – todos vacinados, castrados e microchipados e com registro na prefeitura de Araucária, onde inclusive é reconhecida e licenciada. “Os cachorros recebem alimentação balanceada, pesada e depois que são encaminhados para a adoção, oferecemos o serviço voluntário da adestradora Paula Ferraz, da Personal Pet & Company, para auxiliar na ambientação do cão ao novo lar, e nossa veterinária acompanha o animal por um ano sem custo, exceto em vacinas e cirurgias”, destaca.
Aos sábados, Ana Paula promove feiras de adoção no shopping Ventura, em Curitiba, sempre das 14h às 18h.
“Para mim, isso foi uma escolha mesmo. Às vezes eu me pergunto como dou conta de tudo, mas é o maior amor que tenho nessa vida. Eu digo que não fui eu que resgatei os cachorros, mas eles que me resgataram”, reflete.
Bruno e Marrone – Já faz mais de três anos que o servidor público Denison Carlos de Almeida conheceu o projeto e ano passado ganhou um afilhado: o cão Marrone, vítima de maus tratos e abandono ao lado do irmão, que recebeu o nome de Bruno, como o da dupla sertaneja. “Os esforços da Ana para manter o projeto em pé são hercúleos. Precisa de muita força de vontade, e perseverança. O Marrone se tornou meu afilhado desde que ele foi encontrado em dificuldades juntamente com o irmão. Ajudei a custear a cirurgia dele e a partir daí, comecei o apadrinhamento”, diz.
Quando Denison conheceu a chácara e o projeto, ficou encantado com a dimensão do trabalho que é feito lá.
“Além do lar que os doguinhos recebem, existe ainda o aspecto de que um animal abrigado, retirado das ruas, alimentado e castrado, não irá aumentar essa população de rua, que é um problema inclusive de saúde pública. Me sinto muito bem, útil, por saber que faço parte de algo tão importante”, reforça.
Além de contribuir financeiramente com as despesas do Marrone, Denison faz questão de visitar o afilhado, que é enorme, mas muito dócil. O servidor público vive em apartamento. Por isso, não tem condições de levar o apadrinhado pra casa. “Tenho três gatos adotados: Dingo, Tifany e Otto e, participando do projeto, já estou considerando a hipótese de ter um cachorrinho. A adoção é um ato de muita responsabilidade… Tem que ser muito pensada, planejada. Quero fazer isso com calma, afinal, já tenho meus três bichanos, todos resgatados. O Dingo já está comigo há pouco mais de 15 anos”, diz.
Você também quer se tornar um padrinho? Ou que sabe adotar? Não. Então, que tal contribuir de alguma maneira?
É fácil: conheça mais deste trabalho nos perfis do instagram:
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