Foto – Banco de imagens e arte de Ana Laura Ribeiro Rocha

Coprofagia. Palavrinha complicada e que também serve como um alerta para os tutores de pets, especialmente, cães. É uma psicopatologia – ação ou exercício que consiste em comer fezes – que está longe de ser natural. Pode ocorrer por diversos motivos: 

 1.Comportamentais – ansiedade de separação, mudança de ambiente, espaço confinado, estresse e punições que podem causar o medo e a ansiedade;       

2.Fisiológicos – relacionados a problemas digestivos ou gastrointestinais (vômitos, diarreia, anorexia e perda de peso) ocasionando a falta de nutrientes necessários. 

3.Verminose – que também provoca o baixo peso, a diarreia, apatia, vômito e anemia; ocasionada pelos parasitas presentes no intestino do animal consumirem os nutrientes ingeridos e, para supri-los, o cão ingere as próprias fezes;

4.Alimentação – os cães, como os humanos, precisam de uma alimentação equilibrada com os nutrientes necessários. Dietas com baixos níveis proteicos e longo período entre uma alimentação e outra são fatores da coprofagia.

“Por isso, é muito importante analisar a quantidade de proteínas e nutrientes necessários ao cão, de acordo com a idade, pois eles necessitam de nutrientes específicos. Também é essencial analisar os exercícios físicos diários e a raça do seu cão, porque assim você vai saber a quantidade necessária de alimentação. Outra medida é escolher uma ração que tenha proteína animal recomendada, vitaminas, gorduras saudáveis, legumes e grãos integrais”, orienta a adestradora, Paula Ferraz.

Paula Ferraz e o pastor alemão Eros – Foto de arquivo

Algumas raças têm mais propensão a desenvolver o distúrbio. Entre aquelas que apresentam maior incidência de comer cocô estão o Terrier e o Hound. Em se tratando das raças de pequeno porte, esse comportamento é mais comum em Shih-tzu, Lhasa-Apso, Spitz Alemão e Yorkshire. Já os Poodles estão entre os que são menos inclinados a sofrer com coprofagia.

Como diagnosticar e tratar a coprofagia?

A primeira coisa a fazer é procurar um médico veterinário para entender a causa.  É que cada caso é tratado de uma forma diferente. Se for de origem comportamental, o indicado deve ser o auxílio de um adestrador profissional ou um médico veterinário comportamentalista.

Também existem medicações adequadas para a coprofagia, juntamente com a mudança de hábitos alimentares.

“Se a coprofagia estiver relacionada ao comportamento, o que é mais comum, é importante fazer uma análise detalhada da rotina do seu cão e ver se está relacionada à ansiedade de uma separação, confinamento, espaço reduzido, broncas excessivas, falta de enriquecimento ambiental, brinquedos interativos, pouco gasto de energia, falta de atenção, e até de amor e carinho”, relata Paula.

 “Como adestradora, após fazer o levantamento da causa, procuro aplicar o método correto para cada caso. Por exemplo, assim que o cãozinho fizer as necessidades, a ideia é elogiar e premiá-lo com uma recompensa, um petisco, uma fruta. Isso para que ele entenda que toda vez que fizer isso, ele terá alguma coisa em troca. Jamais retirar as fezes em seguida. Se isso ocorrer, ele entende que elas incomodam ou de que algo “interessante” tem naquelas fezes. Isso porque os cães gostam de desafios. A retirada precisa ser discreta”, acrescenta.

Shih-tzu,, uma das raças com incidência – Foto – Banco de imagens

Quando a coprofagia pode ser considerada natural?

A resposta está no ato comum das fêmeas que tiveram filhotes e estão em período de amamentação comerem as fezes das crias e lamberem a urina. A atitude é instintiva e representa um cuidado com a higiene dos pequenos para evitar que predadores sejam atraídos pelo odor. Mas nesse caso, a coprofagia é transitória.

Na época da gestação e da amamentação, o recomendado é que a fêmea consuma uma ração completa e saudável, com uma alimentação de nível nutricional mais alto e mais calórico para suprir as necessidades da mãe e do filhote.

 Mais informações: @paulaferraz_adestradora ou @personalpetecompany

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Por *Cláudia Ribeiro (com colaboração de Paula Ferraz), especial para o blog Papo Pet.

*Jornalista, mãe da Ana Laura e do Ninico, cachorro adotado