Um Golden pra lá de especial   

Conheci o Shester e a Nala ainda filhotes durante as visitas do Projeto Amigo Bicho em um hospital de Curitiba. Os dois eram fofíssimos fazendo valer a fama dos Goldens. E as suas deficiências – apesar de gerarem uma certa comoção – não sobressaiam ao jeitinho deles alegre e temperamento super dócil. Ambos são cães de terapia e voluntários em projetos de Intervenção Assistida por Animais em Curitiba. 

Os Goldens Nala (deitada) e Shester em ação de Natal Fotos: arquivo pessoal tutora Mariza Ayres

Os dois irmãos, da mesma ninhada, foram adotados por meio de uma protetora que os acolheu após um canil avaliar que com os “defeitos” da má formação em uma das patas não teriam valor comercial. Foi aí que a Mariza entrou na história, inicialmente para fazer um lar temporário. Mas logo em seguida fez questão de adotá-los, mesmo com as deficiências e dificuldades que poderia ter ao longo do crescimento de ambos. Motivada apenas pelo amor que tem pelos cães. Atualmente, os dois estão com nove anos.

Prótese

O Shester, aos sete meses, fez uma cirurgia de amputação total da patinha defeituosa por recomendação veterinária. E pouco antes das pandemia, em janeiro de 2020, ao seis anos, passou por uma avaliação rigorosa e exames para receber uma prótese produzida pela empresa Pineal Tecnologia 3D, de São José dos Pinhais (PR). A “pata mecânica” produzida sob medida foi doada pela empresa, especializada em produção 3D, em parceria com o Crematório Pet Vaticano e Clinivet.

Com o isolamento imposto na época, Shester não chegou a usufruir tanto da prótese. A tutora conta que ele atualmente a usa em saídas para passeios curtos e em algumas visitas dos projetos em que participa como voluntário. Mas já está em andamento a produção de uma nova prótese, que será mais confortável, principalmente porque houve mudança do peso de Shester, que está mais magrinho. Com isso, espera-se que ele ganhe mais mobilidade, equilíbrio e segurança para continuar suas andanças por lazer e para a sua importante atuação voluntária.   

Os cães deficientes, sem uma das patas, costumam se adaptar e andar com as três patinhas. Mas o esforço pode causar problemas de coluna e sobrecarregar outras partes do corpo. O que exige fisioterapia, medicação e acompanhamento veterinário constante. Ao nove anos, Shester já apresenta alguns probleminhas de saúde em decorrência da sobrecarga pela falta de uma das patas.

Com o acesso mais recente às próteses, órteses, cadeira de rodas, andadores, cães e gatos e outros animais com deficiências genéticas ou causadas por acidentes poderão se beneficiar com essas alternativas tecnológicas diminuindo assim os prejuízos para saúde.    

Adoção

Shester aproveitando a folga das atividades de voluntariado

A história do Shester e de sua irmã, ambos deficientes físicos, mostra a importância da adoção. Mesmo cães de raça – que custam caro – podem precisar de famílias amorosas e dispostas a cuidarem desses seres “especiais” considerados imperfeitos para o mercado dos criadores. A tecnologia também surge como uma esperança para melhorar a qualidade de vida dos pets. Mas com ou sem prótese o Shester e a irmã Nala (que em breve poderá usar uma órtese) seguem sendo muito amados pela tutora Mariza e sua família.

Quer ver o dia a dia do Shester siga o perfil @shesterterapeuta

Saiba mais sobre a produção da prótese do Shester. Acesse a websérie Meu Incrível Pet no Youtube.  

E você tem uma história para contar de seu pet que ficou deficiente ou foi adotado com algum problema de saúde?  Mande para [email protected]