Você trata seus pets como integrantes da família? Tem amor incondicional por eles, como se fossem seus próprios filhos? Ótimo. Eles podem e devem fazer parte da família, desde que… “tenham seu próprio espaço e sejam amados e aceitos exatamente por quem são”, diz a médica veterinária e professora do Unicuritiba, Ana Elisa Arruda Rocha. “Não respeitar as diferenças entre animais e seres humanos pode adoecer esses indivíduos”, afirma.
Para a especialista, a humanização impede que os animais vivam de acordo com sua espécie e dificulta a adaptação e a interação com seus semelhantes. É que os animais têm necessidades e particularidades. Por isso, é fundamental respeitar as diferenças.
Sinais de que algo não vai bem
Os distúrbios emocionais e comportamentais relacionados à depressão, agressividade, ansiedade, carência e medo estão entre as principais consequências. Além disso, são observados nos consultórios veterinários lotados, compulsão alimentar, obesidade, alergias, automutilação, vômito, diarreia, problemas respiratórios, urinários, crises epiléticas e até o desenvolvimento de doenças crônicas.
Quando isso começou?
A humanização começou quando os animais saíram das ruas e dos quintais e passaram a viver dentro das casas, de forma muito mais próxima das famílias. Esse movimento se intensificou nas últimas décadas. “De maneira consciente ou inconsciente, os animais estão sendo direcionados para lugares que não são deles, para suprir a ausência de alguém ou a falta de algo”, analisa a especialista.
Essas condutas e a distorção de papéis não são benéficas aos pets, pelo contrário. Ana Elisa reforça que é necessário ter consciência do lugar que cada membro ocupa e da importância do bem-estar de todos os integrantes em famílias multiespécies.
Como agir?
Para não colocar os pets em risco, os tutores precisam entender que tratar bem e amar os animais significa oferecer os cuidados básicos necessários para o bem-estar, como alimentação adequada, água fresca, abrigo, carinho e acompanhamento veterinário de rotina.
“Precisamos saber o que é essencial para cada espécie. Para um cão, por exemplo, é importante caminhar, farejar, correr, brincar, roer, cavar e latir todos os dias. Para um gato, ter um local para dormir e se esconder de maneira segura, arranhar, escalar, ter um lugar apropriado para enterrar seus dejetos, ter acesso a alimentos úmidos e específicos para a espécie”, ensina Ana Elisa.
Como as necessidades de cuidado variam de acordo com cada espécie, as recomendações de manejo e saúde são individuais e devem ser personalizadas pelo médico veterinário.
Do que os pets (não) precisam
Os animais não precisam de sapatos, perfumes, camas luxuosas ou brinquedos caros. Banhos muito frequentes também são prejudiciais, principalmente se realizados com produtos e manejo inadequados.
“Nos cuidados com cães e gatos, devemos evitar o uso de acessórios que possam incomodá-los, dar alimentos ou medicamentos sem orientação prévia, tratá-los como bebês, privá-los do contato com animais da mesma espécie ou de expressar seus comportamentos naturais”, orienta a médica veterinária.
Por Cláudia Ribeiro/com assessoria – especial para o Blog Papo Pet – jornalista, mãe da Ana Laura e do Ninico, cachorro adotado.