
Guia prático para emigrar com seu animal de estimação
O Papo Pet conta com a participação especial de uma correspondente internacional, que, em dois posts, dará dicas valiosas. Bora viajar?
Guia prático para emigrar com seu animal de estimação
Ciao, ragazzi!
Mudar de país já não é uma tarefa fácil, você deve imaginar. Mudar de país com dois bichos de estimação então, é uma tarefa que requer planejamento, organização, comprometimento e, claro, dinheiro. Quando eu decidi me mudar para Itália em janeiro de 2022, não tive dúvidas de que levaria meus dois gatos, o Simba e a Mulan, de cinco anos na época, comigo. Mesmo ouvindo muitos “deixa com seus pais” ou “doa para alguém”, eu sabia que precisava ter eles comigo – mesmo que isso exigisse de mim um esforço extra. Quem tem bicho sabe o valor que eles têm.
O processo de emigrar com gatos:
Após conversas com uma amiga que já tinha passado por essa experiência, buscas na internet e visitas à veterinária entendi que era possível levá-los comigo. Aproximadamente nove meses antes do embarque, comecei a realizar o passo a passo seguindo e deu tudo certo. Venho para te dizer que: SIM, transportar seus bichinhos é completamente possível, mas você vai precisar de paciência, coragem e encarar como um desafio necessário! Não é difícil, mas é complexo. Então atenção aos detalhes.

Dicas importantes antes de iniciar o processo:
- Não deixe para depois. Você precisará de tempo, cerca de 4 meses no mínimo, para preparar a documentação do seu bicho. Isso porque alguns países exigem exames específicos que levam de um a dois meses para ficarem prontos. Explicarei isso mais tarde.
- Além disso, não tem como: será necessário investir recursos nisso. Os valores dependem do país que você irá, exames que seu pet precisará fazer, forma de transporte (se dentro da cabine ou porão, por exemplo, e companhia aérea), assim como gastos com veterinários. Estime uma média entre R$ 5 mil reais a R$ 10 mil reais por bicho.
- Se planeje. Alguns passos tem datas certas para acontecerem e você precisará (mesmo) ser organizado. Mantenha tudo em uma agenda ou no celular, de forma que você não perca passos e dias importantes.
- Entenda a grandeza disso não só para você, mas também para o pet. Se prepare e prepare o animal também para uma jornada (que poderá ser muito feliz no futuro, se você se comprometer com isso). O que mais importará, depois, é que você estará com seu bichinho feliz – em outro canto do mundo.
- Quanto mais você estudar o processo e estiver seguro sobre sua decisão, mais calmo você ficará ao transportar o bicho e, certamente, ele sentirá essa leveza. Recomeços exigem esforços: então entenda como funciona antes mesmo de começar, tenha foco e fé que vai dar certo.
Pronto para começar?
Para facilitar a dinâmica, vou dividir o conteúdo em: documentação pré-embarque e transporte aéreo (e viagem em si).
Documentação pré-embarque
A primeira coisa que você precisa fazer é pesquisar sobre as exigências do destino. Essa informação – como muitas outras fundamentais – você encontrará no site da Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO): leia aqui. Recomendo que você acesse o site e consuma os conteúdos da página. Clique na bandeira do país para ver as exigências.
No caso da União Europeia (e foi o meu caso), você precisará:
- Comprovante de microchip do pet, datado, assinado e carimbado por um médico veterinário. Atenção: é obrigatória a implantação/leitura do microchip antes ou no mesmo dia da vacinação antirrábica que deu respaldo à sorologia. Você pode inserir o microchip no seu pet, caso ele não tenha, com o seu veterinário de preferência. Eu paguei R$ 425 para cada gato, em Curitiba.
- Carteira de vacinação em dia – sendo que animais com mais de 12 semanas precisam ter recebido a vacina contra a raiva. A vacina pode ser realizada pelo seu veterinário de preferência. Para cada bicho, paguei R$ 175.
- Sorologia antirrábica. Este é a maior dificuldade (e maior custo). Nada mais é do que “provar” que seu bicho de fato está protegido contra a raiva e apenas alguns laboratórios do Brasil são autorizados esta análise. Importante: a sorologia precisa ser feita com uma amostra de sangue colhida pelo menos 30 dias após a data de vacinação e no mínimo 3 meses antes da data de emissão do CVI.
A coleta precisa ser enviada a um laboratório aprovado pela União Europeia – no Brasil, há apenas quatro. Veja aqui quais são. A coleta do sangue, entretanto, pode ser feita por um número maior de laboratórios parceiros – que fazem o transporte até esses quatro responsáveis por fazerem as análises. Em Curitiba, eu levei meus gatos para fazerem a coleta no Pró Vita Laboratório Veterinário e cada exame um custou R$ 1140.
- Atestado de saúde modelo AS-1 Geral, disponível aqui, comunicando o estado de saúde do pet.
Com os documentos de 1 a 3 em mãos, apenas 10 dias antes de embarcar você deve solicitar de forma on-line – caso seu destino permita, a emissão do seu Certificado de Vacinação Internacional (CVI) neste link. Atenção: o certificado é válido por 10 dias a contar da data de emissão pelo veterinário oficial do MAPA até à data de apresentação no ponto de entrada da União Europeia.

A Vigiagro disponibilizou um vídeo completo no Youtube com o passo a passo que irá lhe auxiliar neste preenchimento. Você pode assistir aqui! Todos os documentos de 1 a 4 precisam ser digitalizados e assinados digitalmente. Eu sugiro que você assine via Gov.br (há outras opções, mas acho a do governo federal a mais prática e fácil). Confira aqui um passo a passo de como assinar digitalmente seus documentos! Fazer isso leva segundos, mas deve ser feito com cuidado. Para ter certeza que seus documentos estão corretos, insira os aqui.
Documentos de 1 a 3 prontos e primeira parte do CVI solicitado, você notará que ao abrir a solicitação, será solicitado que você insira o Atestado de saúde modelo AS-1 Geral (passo 4). Este atestado padrão será disponibilizado somente no momento que você abre essa solicitação, no próprio portal do governo e na mesma página interna de onde você solicitou seu CVI. O atestado já inclui algumas informações específicas do seu bicho (quase como um código de barras) e, por isso, não é algo que você poderá adiantar, ok? Faça download deste arquivo no Portal do Governo, imprima e leve ao veterinário responsável pelos seus pets e credenciado, para que ele possa preencher e assiná-lo. Então, escaneie, assine digitalmente e insira no mesmo local onde inseriu os demais documentos.
Tudo enviado, agora é esperar. No meu caso, o CVI foi emitido no mesmo dia, em (bizarras) duas horas. Como meu destino era Itália e aqui eles precisavam de uma chancela de alguém da Vigiagro (um carimbo), após emissão do CVI eu ainda precisei imprimir os CVIs, juntar com todos meus documentos e ir até a sede da Vigiagro em Curitiba (Rua José Veríssimo, 420, Tarumã-Curitiba/PR), pegar a chancela dos responsáveis e enfim, ter a documentação pronta! (Eu ouvi um amém?)
Documentação pronta, partiu embarcar! Quer saber como foi a nossa viagem com dois gatos, o processo e escolha da passagem, assim como companhia aérea? Confira o próximo post.
Arrivederci,
Mayara Duarte, jornalista, tutora do Simba e da Mulan, gatinhos adotados