
Após um bate-boca entre os deputados Homero Marchese (PROS) e Luiz Cláudio Romanelli (PSD), a Assembleia Legislativa rejeitou hoje requerimento que pedia a convocação do procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia, para prestar esclarecimentos sobre investigação do Ministério Público Estadual a respeito de supostas irregularidades em contrato da Casa com a TV Icaraí, do grupo J. Malucelli, para a operação da TV Assembleia. Marchese alega que há investigação já dura dois anos, e que mesmo após acordo de leniência fechado entre o grupo J. Malucelli com o MP, não há informações sobre seus resultados.
De acordo com Marchese, J. Malucelli, firmou acordo de leniência com o MP e o Ministério Público Federal confessando fatos e devolvendo R$ 100 milhões aos cofres públicos paranaenses, em troca de sanções menos severas. De acordo com o parlamentar, a assessoria do próprio MPF e a imprensa noticiaram que o acordo envolvia um anexo exclusivo para irregularidades na Assembleia Legislativa, onde até 2015 o grupo, por meio da empresa TV Icaraí, operava o canal TV Assembleia. Segundo ele, teria havido pagamento de propina durante a contratação.
“Um acordo desse porte, evidentemente, não foi firmado em bases frágeis. Um grupo econômico com esse tamanho e experiência não abriria mão de R$ 100 milhões se não entendesse que as sanções poderiam ser ainda mais pesadas, e não haveria razão para MP e MPF fecharem o acordo se não recebessem elementos sólidos de prova para ir atrás da outra ponta do problema: os agentes públicos”, afirmou. “Quase dois anos depois, no entanto, e até agora nada. Aparentemente, nem sequer foram tomados depoimentos dos agentes denunciados. Em resposta a requerimento nosso, dois órgãos do MP se contradisseram em relação à qual deles investiga o assunto. O que está acontecendo?”, questionou. Segundo ele, o MP alega que o caso está sob sigilo de justiça.
O requerimento foi rejeitado por 32 votos contrários, 2 favoráveis e duas abstenções. Na discussão, o deputado Romanelli bateu boca com Marchese, ao pedir aos colegas a rejeição do requerimento de Marchese. “O deputado Marchese se comporta como uma criança birrenta. Tentativas de desacreditar os seus colegas e o parlamento. Na minha avaliação de forma medíocre. O mandato dele não tem nada positivo. Tenta criar factoides contra essa Casa”, afirmou Romanelli, chamando o requerimento de “factoide”. “Se essa Casa abrir esse precedente é perigoso. Amanhã todos os parlamentares podem ser alvos de requerimentos de outros deputados”, alertou o primeiro secretário da Assembleia.
“Meu passado é de estudo e trabalho. Eu não tenho sócio de escritório de advocacia que trabalha no poder público indicado por mim. Minha avaliação do meu mandato é pelo menos 20 superior a de alguém que me critica. As repostas que o Ministério Público me deram são contraditórias”, rebateu Marchese.
A discussão foi encerrada por intervenção do presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSD), que já havia criticado a iniciativa de Marchese.