
Após depor no âmbito do processo que corre contra ele no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), no início da tarde de hoje, em Curitiba, o senador Sergio Moro (União Brasil) afirmou que as acusações contra ele de abuso do poder econômico na campanha eleitoral de 2022, são “um castelo de cartas” que não se sustenta. Segundo o ex-juiz da Lava Jato, os gastos apontados como suposto caixa dois pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tiveram relação com a eleição para o Senado.
Moro depôs por cerca de 45 minutos no TRE. As ações do PL e do PT que tramitam em conjunto acusam ele de abuso do poder econômico em razão da pré-campanha para a Presidência da República. Os partidos dizem que Moro obteve uma vantagem indevida na disputa. Para as legendas, a pré-campanha do ex-juiz da Lava Jato gastou mais de R$ 2 milhões, o que teria lhe dado vantagem na corrida pelo Senado. As legendas questionam, por exemplo, gastos com a compra de um carro blindado e segurança.
“Essas ações são verdadeiros castelos de cartas”, disse Moro. “Eles começam falando levianamente de caixa dois, que teria um monte de ilicitude. Nada disso foi comprovado, até porque nada disso existe. Todos os gastos que foram feitos são gastos declarados”, afirmou.
“Quando se vai ver os detalhes deste caso, o que você tem é um monte de nada. É um grande castelo de cartas que começamos a desmontar hoje. Fui juiz da Lava Jato, vim para o Brasil para uma eleição altamente polarizada, na qual um candidato chegou a até ser esfaqueado, e coloquei como condição necessária que houvesse segurança, que houvesse esse cuidado”, alegou.
“Andar com segurança não traz nenhuma vantagem competitiva em eleições. Pelo contrário, a pessoa fica como antipática para o eleitor.Sergio Moro, senador, sobre processo que pode levar à cassação”, argumentou o senador.
Moro respondeu perguntas do desembargador Luciano Carrasco Falavinha, relator das ações do TRE. O senador se recusou a responder as perguntas elaboradas pelos advogados do PL e do PT.
Moro disse que é alvo de “perseguição” nas ações. O relator do caso o questionou sobre um contrato firmado pelo advogado Luís Felipe Cunha, primeiro suplente do senador.O contrato foi de R$ 1 milhão, dividido em quatro parcelas de R$ 250 mil, para atuar na defesa de Moro durante o período de pré-campanha.
O PT pretende usar uma relação de voos fretados usados por Moro durante a campanha eleitoral do ano passado para reforçar as acusações de que o ex-juiz federal da Lava-Jato praticou caixa 2 e abuso de poder econômico em sua ofensiva política para se tornar senador. De acordo com o União Brasil, o valor total do fretamento das aeronaves para Moro e aliados chegou a R$ 625 mil.
Para o advogado Gustavo Guedes, defensor de Moro, a audiência foi importante para demonstrar a tentativa dos acusadores de “inflarem indevidamente” os gastos de pré-campanha de Sergio Moro. “Seguiremos comprovando nas alegações finais que 98% daquilo que os partidos autores apresentarem deve ser descartado. E o que sobra não representa abuso nenhum. A eleição do senador Moro foi legal e legítima”, afirmou Guedes.