Gleisi, Requião e Zeca Dirceu: apesar de processo contra Moro ainda estar no início, petistas já travam disputa aberta. Fotos: Franklin de Freitas.

Cacidques do PT do Paraná já travam uma disputa aberta pela vaga de candidato do partido ao Senado na expectativa da cassação do mandato do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) pela Justiça Eleitoral. Pelos menos três lideranças petistas do Estado já declararam publicamente a intenção de concorrer ao cargo caso se confirme a condenação de Moro, o que levaria à realização de uma nova eleição: a deputada federal e presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann; o ex-governador Roberto Requião e o líder do PT na Câmara Federal, deputado Zeca Dirceu. Além deles, o líder da oposição na Assembleia Legislativa e filho do ex-governador, deputado Requião Filho, também se colocou na lista, caso o pai não entre na disputa.

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Ex-juiz é acusado de abuso do poder econômico e caixa dois

Moro responde a duas ações no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), uma do próprio PT e outra do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tramitam em conjunto e apontam abuso do poder econômico e caixa 2. Nas ações, os partidos acusam Moro de ter gasto R$ 6,7 milhões na campanha para o Senado, quando o limite seria de R$ 4,4 milhões. Para isso, as legendas alegam que ele teria usado a pré-candidatura à Presidência da República pelo Podemos para impulsionar sua candidatura ao Senado pelo União Brasil, driblando o limite de gastos de campanha para o cargo.

Moro acusa PT de estratégia para calar oposição

O ex-juiz, que sempre negou irregularidades, afirmando que suas contas de campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral, afirmou que as ações seriam “especulações fantasiosas” e “mero estratagema do PT para calar, à moda venezuelana, à oposição democrática”.

Os processos contra Moro ainda estão na fase de produção de provas, e a previsão é de que eles só sejam julgados pelo TRE no primeiro trimestre de 2024. Mesmo assim, o número de pretendentes à disputa por sua cadeira no Estado só tem aumentado, inclusive no PT.

“Tenho a disposição (em concorrer) e a gente vai conversar no partido sobre a melhor estratégia”, afirmou Gleisi Hoffmann na semana passada. “Meu nome está à disposição, mas para planejamento de campanha tem de haver o resultado do processo de cassação e essa ser confirmada”, também disse ela ao jornal O Globo esta semana.

Sem espaço, Requião pode trocar o PT pela Rede ou Solidariedade

Sem espaço no PT, o ex-governador Roberto Requião pode trocar deixar o partido no qual entrou em março de 2022, depois de décadas militando no MDB. Ele já estaria mantendo conversas com a Rede e o Solidariedade em busca de uma legenda para disputar o Senado em caso de cassação de Moro.

Depois de ter disputado o governo do Estado no ano passado pelo PT para dar palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Paraná, Requião se sentiu escanteado pelo partido, ao perder a indicação de diretor-geral da Itaipu para o deputado federal Ênio Verri (PT), aliado de Gleisi. Na época, ele rechaçou a oferta para ocupar uma vaga de conselheiro da usina, afirmando que não aceitaria “prêmio de consolação” para não trabalhar.

“Requião seria um nome natural (ao Senado), já que o PT nunca teve uma votação tão alta ao governo quanto em 2022. Mas é um partido complicado, parece que tem dono. A bancada federal age como se tivesse medo que a gente ganhe espaço”, confirmou Requião Filho ao O Globo.

Líder do PT na Câmara diz estar “entusiasmado” com possível candidatura ao Senado

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), afirmou que não abre mão de disputar uma eventual eleição suplementar ao Senado pelo Paraná caso o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) seja cassado pela Justiça. “Ainda é cedo, mas já tem muita gente cogitando isso só me entusiasma”, disse ele.

Na ocasião, ele comentou ainda sobre a possível candidatura de Gleisi. “A mim ela nunca informou isso, nas reuniões do partido também não foi feita essa discussão. Mas obviamente é legítimo que outras lideranças queiram disputar. Nos damos muito bem, jamais haverá briga, sempre no diálogo, acordo e entendimento”, argumentou.