
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) ratificou ontem o projeto para instituir cadastro de interessados na lista de espera da chamada xepa da vacinação – as sobras diárias de imunizantes contra a Covid-19. Apresentada pelo vereador Jornalista Márcio Barros (PSD), a proposta foi confirmada em segundo turno unânime.
Conforme o laboratório responsável pela fabricação, os frascos têm diferentes números de doses e prazos de validade. No debate em primeiro turno, nessa terça-feira (29), Márcio Barros citou como exemplo a Coronavac, cujos frascos, de acordo com o lote, têm 5 ou 10 doses. “Se ficaram 3 pessoas na fila, e nós temos um frasco com 10 doses, pede-se que essas pessoas retornem no dia seguinte, com prioridade na fila”, disse o autor. “Minha proposta é o contrário, que essas pessoas sejam vacinadas e outras 7 que estejam no cadastro sejam vacinadas. Precisamos avançar.”
O projeto de lei determina que poderiam se candidatar à xepa cidadãos a partir dos 18 anos de idade. Havendo doses remanescentes, cujo prazo de validade esteja próximo do vencimento ou pessoas que não tenham comparecido ao agendamento, o acionamento da lista de espera seria feito por telefone, por servidor da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). A regulamentação do cadastro caberia à Prefeitura de Curitiba.
A discussão sobre a xepa da vacinação começou há uma semana, quando os vereadores aprovaram sugestão ao Executivo, também apresentada por Márcio Barros, sobre os critérios para a aplicação das doses remanescentes. Na última quarta-feira (23), o projeto teve requerimento de regime de urgência aprovado em plenário.
Barros reforçou que a regulamentação da xepa “é um projeto muito mais organizacional”, que não trará grande ampliação do volume de vacinas ofertadas à população. “A xepa está relacionada à organização dos pontos de vacina. Quanto mais organizada estiver, menor será a xepa”, declarou. “Não tem como a gente não relacionar todos os setores da nossa vida à vacina”, disse.
“Outros municípios já estão vacinando com esta xepa, então consideramos muito importante que isso seja feito em Curitiba”, observou Carol Dartora (PT). A vereadora fez críticas à gestão da pandemia pelos governos federal e municipal, abrindo debate paralelo à xepa. “Se esta Câmara de Vereadores tem que propor projeto para que a Secretaria Municipal da Saúde utilize as xepas da vacina, isso demonstra que esse Plano (Municipal de Imunização) não está sendo eficaz”, opinou.
Carol falou da vacinação de funcionários da Unimed e da exclusão vacinal, atribuída à falta de busca ativa por pessoas aptas à imunização, em todas as regionais. Líder do prefeito, Pier Petruzziello (PTB) disse que, em relação à Unimed, “o próprio Ministério Público já está acompanhando”. “Os profissionais foram vacinados porque estavam na lista [de prioridades do grupo da saúde]”, declarou. Também defendeu pleito da SMS ao Ministério da Saúde, para a vacinação por idade decrescente, e o avanço da imunização entre outros grupos, como trabalhadores do transporte coletivo e caminhoneiros.
De acordo com Indiara Barbosa, em visita a pontos de vacinação, a SMS teria informado que “é feita sim a busca ativa (tanto para a primeira quanto para a segunda dose)”.