O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba rejeitou ontem, pedido da defesa do vereador Renato Freitas (PT) para anular o processo que ele responde por quebra de decoro parlamentar pela participação em uma manifestação antirracista na Igreja do Rosário, no dia 5 de fevereir. O pedido foi apresentado pelos advogados de Freitas após o vazamento de um áudio em que o vereador Márcio Barros (PSD) – que integra o conselho – defendia a cassação do petista. Freitas alegou antecipação de voto e “evidente parcialidade”. Após o vazamento, Barros deixou o órgão.
No áudio, Barros disse haver quatro votos pela cassação do parlamentar dentro do Conselho de Ética, sendo um deles o do próprio vereador exposto pelo vazamento, e que deveria ser feita pressão sobre Noemia Rocha (MDB), para ela apoiar essa punição. O caso foi levado ao relator do PED 1/2022, Sidnei Toaldo (Patriota), que recusou os pedidos.
Para Sidnei Toaldo, a decisão de Barros de deixar o conselho fez com que o pedido de suspeição perdesse o objeto. A presidente interina, Maria Leticia – uma vez que Dalton Borba (PDT) está de licença médica -, colocou o assunto em votação no Conselho e, por unanimidade, Indiara Barbosa (Novo), Denian Couto (Pode), Toninho da Farmácia (União), Marcos Vieira (PDT) e Noemia Rocha (MDB) concordaram com Toaldo.
Sobre a nulidade total do processo, Sidnei Toaldo defendeu “ainda que fosse o caso de enfrentar o mérito dessa questão, não se pode esquecer de que até o presente momento não houve quaisquer decisões de mérito nesse Conselho sobre o PED 1/2022 e que o representado não demonstrou prejuízo concreto quanto aos atos supostamente praticados pelo Jornalista Márcio Barros. A decretação de nulidade depende da demonstração do efetivo prejuízo e da cristalina demonstração de ocorrência de dano ao representado, o que inexistiu”. Os membros do conselho também ratificaram essa decisão, pela validade do PED 1/2022, descartando o pedido de nulidade da defesa.
Antes da votação, o advogado Guilherme Gonçalves expôs a opinião da defesa sobre o caso. “Proceder a uma deliberação [sobre o mandato de Renato Freitas], nessas condições, é um tremendo risco. A única saída possível é o Márcio Barros declinar o nome dos três outros vereadores que ele declara já terem seu voto decidido pela cassação – e aqui está o problema jurídico – antes das alegações finais. Ele antecipa um posicionamento pela pena mais grave antes das próprias alegações finais, então a nulidade é insanável e não pode ser objeto de convalidação. Não vou hesitar em tomar todas as medidas necessárias por conta dessa nulidade, desse absurdo”, afirmou.
A defesa de Freitas perguntou à corregedora Amália Tortato (Novo), que acompanhou a reunião, se ela havia aberto uma sindicância para apurar a conduta de Márcio Barros, ao que a vereadora disse que o tópico estava em discussão. Guilherme Gonçalves também consultou a equipe técnica sobre a contagem de prazo para a entrega das alegações finais da defesa, que foi confirmado como sendo o dia 29, que é a sexta-feira desta semana. Após essa entrega, abre-se prazo de dez dias úteis para os relatores elaborarem os pareceres finais sobre o PED 1/2022.