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Deputado bolsonarista ignora ciência e Saúde e diz que vacinar adolescentes causa mortes

Redação Bem Paraná

Dálie Felberg/Alep - Ricardo Arruda (PSL): deputado também disse que quem já pegou Covid está imunizado e não deve se vacinar

O deputado estadual bolsonarista Ricardo Arruda (PSL) afirmou em sessão da Assembleia Legislativa na última segunda-feira (04), que a vacinação de adolescentes contra a Covid causa mortes, e que pessoas que já pegaram a doença e se recuperaram não devem tomar o imunizante. As declarações contrariam posições do Ministério da Saúde e da comunidade médica, segundo a qual a vacina para pessoas com idade entre 12 e 17 anos é segura e eficaz.

O ministério chegou a suspender a vacinação de adolescentes no último dia 16, após a morte de uma jovem em São Bernardo do Campo vacinada com a primeira dose da Pfizer, mas voltou atrás cinco dias depois, após pressão da comunidade científica e autoridades médicas. Além disso, um comitê formado por representantes da pasta e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que a morte da jovem não está relacionada à vacina. “O Ministério da Saúde – que hoje é comandado por um médico – suspendeu a vacinação e orienta que não se deve vacinar adolescentes abaixo de 17 anos, exceto os que têm comorbidades. Daí vem o STF e novamente da uma canetada diz que isso cabe aos prefeitos e governadores”, afirmou Arruda, sem citar a mudança de posição do próprio ministério. ‘Para se ter uma ideia no mundo já morreram quase 20 mil pessoas decorrentes de efeitos colaterais da vacina”, alegou o parlamentar, sem indicar a fonte das informações.

No último dia 22, quando anunciou a mudança, o com secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz, afirmou que os benefícios da vacinação são maiores que os eventuais riscos de eventos adversos. “Essa vacinação tem a aprovação da Anvisa e está liberada pelo ministério. Mostrou-se que, de fato, os benefícios para imunizar esse grupo são maiores que os eventuais riscos de eventos adversos na imunização desses adolescentes”, reforçou ele.

O deputado bolsonarista, que é defensor do chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid, também disse que adolescentes não desenvolvem a doença.
“O Covid quando é pego por um jovem, ele é muito fraco. Ele não passa de uma gripe. E se algo piorar tem remédios antivirais que combatem facilmente. Os jovens que morreram foram mínimos. Criança, nenhuma teve problema”, afirmou. “Não vale o risco de vacinar uma criança. Nossos filhos não são cobaias, não são ratos, para receber um produto experimental”, alegou o deputado do PSL.

De acordo com dados da Fundação Osvaldo Cruz, o Brasil registrou 3.561 mortes de crianças e adolescentes de até 19 anos por covid-19 desde o início do surto, em março de 2020 até setembro de 2021. Destes, 326 eram bebês de até 1 ano de idade. Com isso, o país é o segundo com mais mortes de crianças pelo coronavírus no mundo, atrás apenas dos Peru, em termos proporcionais. Em 2020, foram 1.203 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Já em 2021, foram 2.293.

“Para quem pegou o Covid ele está muito mais imunizado do que qualquer outra pessoa que tomou duas doses da vacina e não pegou Covid. Quem pegou o Covid está imunizado é óbvio que não tem que tomar a vacina”, disse ainda Arruda.

Segundo o Ministério da Saúde, porém, não há evidências, até o momento, de qualquer risco com a vacinação de indivíduos com histórico anterior de infecção ou com anticorpo detectável para SARS-COV-2. Além disso, como há casos de reinfecção e mesmo novas variantes do vírus circulando, ainda não existem evidências de que quem pegou a doença já esteja automaticamente imunizado.

Veja a nota de resposta do deputado Ricardo Arruda